domingo, outubro 11, 2009

Colombres al 64

A calefação vira inferninho público e eu não vendo drogas, já disse que não vendo drogas, não sou traficante, não as vendo... mas sei cantar as canções do Ben quando da iminência da lucidez embriagada me leve pra casa que quero dormir, quero voltar...
Beber com pouca grana é limpar o estômago para a sinceridade alcoólica. Não gosto do teu fígado e não me apetece vê-lo bonitinho, a gente quer ver ele disposto e cru na mesa rasa.
Gal cantando estrada do sol me leva a Niterói, terra triste e lúcida, irremediavelmente cristã, interiorana, poupando centavos na boca da capital, guardando virgindade já velha frente a Gomorra City Co.
Niterói portal cósmico e fronteira difusa de Norte Fluminense, um pouco de Minas, estado imaginário que se chama cidade pequena e simpática onde o pão chega de manhã sincero e encontra a superfície da mesa sem entraves e suas migalhas se espalham livres e felizes na toalha que se balança quando o gás em botijão se anuncia pelas ruas carnavalizando o interior.
A calefação me irrompe para o momento posterior em que o gás se acende no meu pulmão, quando na verdade ontem eu te fumei passivamente chorando em conta gotas.
E ela ainda não cantou Mãe na tua vitrola e você já se dispôs a abrir as tuas pernas poéticas para aquela melodia inflacionando a tua tristeza, desvalorizando-a irresponsavelmente.
Espremendo do seu olho uma tristezazinha vagabunda e semi-morta.
Entro no meu inferno, ligo a calefação no máximo e me cozinho em banho-maria.
Até ficar no ponto.

Nenhum comentário: