segunda-feira, abril 30, 2007

"A Consciência...." - Ensaio Fotográfico 29/04/2007


Olhares que se fazem representativos. Fragmentos de uma realidade inserida num tempo com suas feições e contradições.


Registros de olhares urbanos múltiplos: Érica, Augusto, Henrique e Fernanda.
Manifesto central.
Ato poético que se quis assim.
"Mas pra que tudo isso?" - "Afirmação" de um transeunte de Icaraí.

E como disse o poeta:

"A poesia sempre será o ato transgressor da objetividade árida"






Que não venham palavras como conciliação. Como aceitação de uma certa realidade. Como bem disseram Brecht e Leminski:


"Nós vos pedimos com insistência

Diante dos acontecimentos de cada dia.

Numa época em que reina a confusão,

Em que corre o sangue,

Em que o arbitrário tem força de lei,

Em que a humanidade se desumaniza...

Não digam nunca: Isso é natural!

A fim de que nada passe por imutável"


"A vocês eu deixo o sono;

o sonho não, este eu mesmo carrego"


E que com o sonho se faça o caminho escolhido. E que da impossibilidade se faça a inevitabilidade.



E eis então que o Ronald Mcdonald apresenta feliz o manifesto anunciando a complexidade dos novos tempos. Ás oposições políticas e ideológicas do mundo apresentemos o sorriso conciliador de Ronald e sua fundação. Responsável por diversos empregos no mundo.

quarta-feira, abril 25, 2007

Esclarecimentos sobre a morte do Sr. Bubukowski

É lamentável que em curto espaço de tempo as coisas tomem rumos tão subitos e perigosos. Mas há algo no ar que denuncia essa coisa diferente. Mistérios frabricados ou inventados. É a praxis que se impõe. Infelizmente em carta aberta me manifestei sobre a morte de alguém que marcou alguma coisa em algum lugar nesse mundo. É a ele quem dedico toda a merda de hoje. Ele que personificava o século XX. Ele que foi embora.

"Vou-me embora mas deixo a praxis" - Disse Bubukowski em 1997 quando esteve a beira da morte. Só que felizmente ele milagrosamente não morreu. E viveu mais dez anos. E ainda foi ao enterro do Ginsberg. Está aqui então modificada por anos que pareceram séculos. Sua renúncia a uma inexorabilidade ou a uma pós-modernidade o fez uma figura coesa na sua incoerência e na sua maneira escrachada de ser. Ele não concordaria com nada com que escrevo agora. Mas ele morreu. E nada pode fazer.


Definitivamente não nego e nem julgo a morte de Bubukowski. Ele não pertencia mais àquele século e aquela coca-cola na mesa foi o ponto final de toda uma situação. Sim, aquilo era o futuro que ele esperara por tanto tempo e não dera em nada. Desgosto profundo ele sentiu e no primeiro dia de 2007 se suicidou. Podemos dizer que ficamos órfãos mais ao mesmo tempo já pesquisamos um pouco sobre a sua vida e queremos escrever a sua biografia. Morreu aos 89. Não quis chegar aos 90. "É tão clichê fazer 90 anos" dizia ele. "90 anos já tem cara de morte". Novas poesias escritas durante sua estadia em Belgrado foram encontradas. Assim como as de Sarajevo em 1967 e serão publicadas em seu blog "bubukowski.blogspot.com"Sua última fase terminou entre a Glória e Niterói. Latinoamerica como movimento idealizado que não saiu do papel. Suas poesias engajadas e talvez ingênuas de 1965. E fotos dele andando na rua á européia. Bubu influenciou toda uma geração. E outra e outra. E até a nova geração. Não preparamos homenagens e sim apresentações de suas obras, tributos a Bubukowski. Um filho da puta que não deixa de sê-lo só porque morreu. Foi assim que respondeu a um dos mais renomados estetas do Brasil. "Enfia tudo isso que você tá dizendo no teu cú". Esse era Bubu direto e polêmico. Já propunha a desativação do limbo antes mesmo dele acabar nesse ano. Isso foi na sua fase católica do ínício dos anos 90. Em "Papa olhais as criancinhas do limbo" ele destrincha a angústia de estar num lugar que não é inferno nem paraíso e sim um não-lugar. Bubukowski não morre para ficar no coração de todos. E sim "na merda de todos". Como bem definiu em declaração recente. Bubu velho tarado e renomado.

(Abril de 2007)