quarta-feira, dezembro 05, 2007

Esboço do Especial de TV 2008 (sem decupagem)

- Narração em off – Plano de Dona Maria passeando com o seu cãozinho – Sorrindo para a câmera na praça do Largo do Machado

Dona Maria Antônia Marília da Silva parece, a primeira vista, uma pacata cidadã, moradora do Largo do Machado. Todas as manhãs ela sai para passear com seu cachorrinho Pluft. Pluft é uma cãozinho da raça Yorkshire e gosta muito de ser mimado pela sua dona. Dona Maria gosta de assistir a telenovelas na TV – “Só as da Globo que são mais bonitas” – Salienta ela. Católica praticante, ela vai todo domingo a missa com suas amigas e com elas tem encontros quinzenais onde discutem sobre assuntos variados e costuram juntas. Ela e suas amigas já mandaram uma carta para um conhecido escritor de telenovelas pedindo que o mocinho não se divorciasse da mocinha no final. E também juntas fizeram um lindo bordado que expuseram no saguão da igreja do bairro.

Dona Maria estudou até o ginásio. Filha de uma família lacerdista ela diz que nunca se interessou muito por política. “Nunca gostei muito desses assuntos” – Diz ela numa bonita indiferença, terminando de ouvir os programas da Rádio Globo como faz há quarenta anos.

Dona Maria pode ser taxada por muitos de uma pessoa comum, uma das muitas boas senhoras do bairro. Se não fosse o incrível fato de ser a tataraneta da Condessa de Marília Paula.

Entra quadro com fotos da condessa – Desde jovem até a sua velhice – Começa a canção : “Naquele Tempo” – (Meus tangos não são maxixes) – Ritmo de tango e voz de opereta. – Volta ao plano de Dona Maria e a narração em Off.

Dona Maria não gosta de tocar no assunto. Em sua casa vemos fotos de seus parentes e numa tímida foto em cima da cristaleira vemos uma fotografia bem antiga de meados do século XIX. Onde três jovens moças posam com seus vestidos de época. Uma senhora de cabelos escuros e olhar inexpressivo. Outra com olhar vago e com os lábios contraídos. E a outra com o semblante triste e as mãos no colo. A do meio é ninguém mais ninguém menos que a Condessa de Marília Paula.

“Eu já ouvi falar muito dela sim. Há um tempo atrás uns cabeludos vieram aqui em casa me perguntar algumas coisas e eu disse pra eles o que estou dizendo hoje. Ela é minha tataravó e só isso. Não acho que herdei qualquer coisa dela não... Um filho de um bandido não é um bandido. Acho que quem faz a pessoa é ela mesma.”

Dona Maria tem uma imagem bastante negativa da Condessa e não guarda em sua casa nenhum de seus livros que por muito tempo foram proibidos. Entrou em contato uma vez com a poesia de sua parenta distante e disse não gostar muito por ofender a muitos.

Dona Maria nasceu no dia 03 de Março de 1937. Descendente de uma rica e abastada família de plantadores de café do Vale do Paraíba, que nos anos 20 e 30 perdeu quase tudo, Dona Maria cresceu num ambiente de classe média de profissionais liberais. Em 2007, ano dessa reportagem Dona Maria completou 70 anos. Mãe de três filhos e avó de cinco netos, todos morando em Juiz de Fora, Dona Maria quis viver só no Rio com seu cãozinho Pluft.

Ela diz que prefere a solidão a ter que viver em Juíz de Fora.

Dona Maria é uma das personagens entrevistadas nesse grande projeto que tem como objetivo resgatar informações e torná-las disponíveis para o público em geral sobre a Condessa de Marília Paula.