quarta-feira, dezembro 05, 2007

Esboço do Especial de TV 2008 (sem decupagem)

- Narração em off – Plano de Dona Maria passeando com o seu cãozinho – Sorrindo para a câmera na praça do Largo do Machado

Dona Maria Antônia Marília da Silva parece, a primeira vista, uma pacata cidadã, moradora do Largo do Machado. Todas as manhãs ela sai para passear com seu cachorrinho Pluft. Pluft é uma cãozinho da raça Yorkshire e gosta muito de ser mimado pela sua dona. Dona Maria gosta de assistir a telenovelas na TV – “Só as da Globo que são mais bonitas” – Salienta ela. Católica praticante, ela vai todo domingo a missa com suas amigas e com elas tem encontros quinzenais onde discutem sobre assuntos variados e costuram juntas. Ela e suas amigas já mandaram uma carta para um conhecido escritor de telenovelas pedindo que o mocinho não se divorciasse da mocinha no final. E também juntas fizeram um lindo bordado que expuseram no saguão da igreja do bairro.

Dona Maria estudou até o ginásio. Filha de uma família lacerdista ela diz que nunca se interessou muito por política. “Nunca gostei muito desses assuntos” – Diz ela numa bonita indiferença, terminando de ouvir os programas da Rádio Globo como faz há quarenta anos.

Dona Maria pode ser taxada por muitos de uma pessoa comum, uma das muitas boas senhoras do bairro. Se não fosse o incrível fato de ser a tataraneta da Condessa de Marília Paula.

Entra quadro com fotos da condessa – Desde jovem até a sua velhice – Começa a canção : “Naquele Tempo” – (Meus tangos não são maxixes) – Ritmo de tango e voz de opereta. – Volta ao plano de Dona Maria e a narração em Off.

Dona Maria não gosta de tocar no assunto. Em sua casa vemos fotos de seus parentes e numa tímida foto em cima da cristaleira vemos uma fotografia bem antiga de meados do século XIX. Onde três jovens moças posam com seus vestidos de época. Uma senhora de cabelos escuros e olhar inexpressivo. Outra com olhar vago e com os lábios contraídos. E a outra com o semblante triste e as mãos no colo. A do meio é ninguém mais ninguém menos que a Condessa de Marília Paula.

“Eu já ouvi falar muito dela sim. Há um tempo atrás uns cabeludos vieram aqui em casa me perguntar algumas coisas e eu disse pra eles o que estou dizendo hoje. Ela é minha tataravó e só isso. Não acho que herdei qualquer coisa dela não... Um filho de um bandido não é um bandido. Acho que quem faz a pessoa é ela mesma.”

Dona Maria tem uma imagem bastante negativa da Condessa e não guarda em sua casa nenhum de seus livros que por muito tempo foram proibidos. Entrou em contato uma vez com a poesia de sua parenta distante e disse não gostar muito por ofender a muitos.

Dona Maria nasceu no dia 03 de Março de 1937. Descendente de uma rica e abastada família de plantadores de café do Vale do Paraíba, que nos anos 20 e 30 perdeu quase tudo, Dona Maria cresceu num ambiente de classe média de profissionais liberais. Em 2007, ano dessa reportagem Dona Maria completou 70 anos. Mãe de três filhos e avó de cinco netos, todos morando em Juiz de Fora, Dona Maria quis viver só no Rio com seu cãozinho Pluft.

Ela diz que prefere a solidão a ter que viver em Juíz de Fora.

Dona Maria é uma das personagens entrevistadas nesse grande projeto que tem como objetivo resgatar informações e torná-las disponíveis para o público em geral sobre a Condessa de Marília Paula.

quarta-feira, novembro 07, 2007

Índia Índie - Poética descolonizada

Esclarecimentos acerca do que se segue : Depois de lido o Me Segura pousou em mim inspiração fatalista. E a escrita correu natural como barca que corre na baía de Guanabara. A sinceridade se impôs como grande figura do ano. Dedico então ao Waly uma forma de plágio imagético e estético. Deturpação das palavras nada mais valem. Mas é preciso escrever o quanto antes. É preciso cantar.


O desejo.

Ouve-se a canção que diz: "Ele já não gosta mais de mim, que pena..."

A voz que altiva se levanta se sobrepõe ao som da Gal cantando. A voz comanda um jogo de palavras feito de cacoetes e outras coisas segunda-mão:

"Quando dois corações se amam de verdade
Não pode haver no mundo maior felicidade..."

Interrupção da declamação da poesia quando o poeta, de chinelo e camisa rasgada, vai tomar água e ir ao banheiro.

Na rua o desejo. Na casa o desejo. Na vida o desejo. Tudo desejo. No desejo o desejo. Plagiando o texto do Ionesco onde o fogo pega fogo.

O desejo e o impulso de Eros.

Poeta confessa: “uma vez tive orgasmos só de ouvir teus versos. Eu os imaginava concretos e apalpáveis e através deles experimentei o que posso chamar de orgasmo literário.”

"Versos que fedem a mais retinta erudição de trezentas punhetas diárias"

- Cena do Capital todo esporrado pelo intelectual doentio que divide a mão entre o lápis e o pau.

A sonhada revolução comunista tanto esperada nos livros.

Plano duma Rio de Janeiro do futuro comunista. A história e o seu desenvolvimento. Marx estava certo. A religião era realmente o ópio do povo e a revolução triunfou depois de muita luta. Lá pelo século XXII ou XXIII, lá pelos cantos de São Conrado observamos um estranho estabelecimento.
Em neón o letreiro avisa “CENTRO DE SOCIALIZAÇÃO - NOS TEMPOS DO CAPITALISMO” - a estatização do sexo e da nostalgia.

Patrões e Patroas a sua disposição. O fetiche da mercadoria. Venha se tornar uma mercadoria. Encarne num proletariado oprimido e desconte a sua raiva e a sua tensão sexual no patrão burguês. Modelos variados. Do capitalismo selvagem do século XIX ao patrão consciente e dedicado dos anos de guerra do século XX e o patrão new wave do fim do século XXI.
Venha se sentir coisificado por algo a mais. Tudo isso para relembrar-vos de um tempo em que o sexo era mercadoria.

Mulatas fabricadas sambam samba plastificado e tomam cerveja num autêntico botequim do subúrbio carioca. A do meio diz filie-se ao partido comunista do Brasil e mostra a carteirinha sorridente.

- Centro de referência para treinamentos de meninas com dons de Bruna Surfistinha. Uma espécie de patrona.

E como fica a prostituição numa sociedade comunista? – A pergunta que não quer CA - LAR

Grandes termas públicas - O sexo é de todos - A comunhão sagrada - A família derrotada - Orgias revolucionárias em nome da humanidade.

Distopia.
Utopia.
Admirável xoxota nova.

Desejo.

Poeta volta no tempo para o ano de 2007.
E enumera os acontecimentos daquela primavera.
Outubro vermelho.
E a grande revolução de Piracicaba.
E de lá o grande lider.

Ouve-se a canção ao longe “Pra não dizer que não falei da propriedade privada”

(A revolução brasileira!)

112º aniversário de Fidel. - todos comparecem a cerimônia do velhinho que do alto acena para todos.

Deus não levará Fidel até que a revolução se consuma na américa latina.
Tango por una cabeza – Tournant a gauche na América Latina
Erupção de golpes e revoluções comunistas

Fim da canção “Pra não dizer que não falei da propriedade privada”

(Entra canção interpretada por Ney Matogrosso : "Deus salve a américa do sul...")
O bilingüismo como alternativa. Todos hablamos español.

Religiosas cubanas se benzem e fazem o sinal da cruz admirando o velhinho na TV.

Poeta preocupado com a sua paixão leviana. Pela extinção do amor e da obsessão.

Gal cantando: "Ele já não gosta mais de mim, mas eu gosto dele mesmo assim"

Transformar desilusões amorosas em poesias de cuca fresca. Beber a bebida amarga e vomitar na privada do bar toda manchada. Acabado em casa ouvindo a Ângela Rô Rô no rádio todo fudido. Cantando a canção da pena da pequena que no amor foi se iludir.

A poética da pena da pequena. Jogo de palavras por demais batido.

Subversão da letra: “Ele já não é o meu pequeno. Que peno.”

Que penar. Ouvir a Rô Rô quando apaixonado e escrever um verso que começa com a palavra Eu.

O desejo.

O corpo. De longe avisto os pés e a silhueta de um corpo.
Luz e sombra - O fotógrafo faz um nu artístico onde só aparece o que você quer.

Por Baco eu vejo o seio da atriz que linda se entrega a Dionísio.

Dionísio de longe ri e continua na sua cena.
Na sua cena!
Não faço cena, viu Açucena.
Açucena atriz comportada. Mamaluca.

Poeta escreve verso no verão de 2005 - o último verão antes de tudo começar a desandar com o aquecimento global.

No caderno escreve a história de José Carlo, arquétipa. Poeta imagina a vida do ângulo temido. Não tem jeito. Não tem como escapar. Da sua sina. Açucena interpreta freira assassina.

Novamente Ney cantando novamente e nunca vi rastro de cobra nem Vontade sublimada nem desejo inventado.

"Eu não faço cena e nunca fui atriz. "
Verso tatuado nas costas da atroz.

Poeta interpreta atriz bandidona acusada de roubar comida do patrão. Na praça o público assiste ao seu julgamento. É 1988 e todos têm a geladeira vazia enquanto, ela, a bandida tem a geladeira cheia e ainda vai fazer uma feijoada. Uma feijoada de verdade!

Roda de samba em Maria Paula - "Na minha casa todo mundo é bamba" - Samba sincero do final do século. E a infância feita de realidades inventadas.

Gal na vitrola
Glam : "Ele já não gosta mais de mim"
Poeta completa : "Mas eu gosto dele mesmo assim"

Deus interpreta Diabo e o Diabo interpreta Deus na nova montagem de Deus e o Diabo na terra do ACM.
(Homenagem póstuma àqueles que tanto fizeram pela Bahia)

Gal derretendo canta : "Ele já não come mais pudim"
Gal e seu disco mais sincero.
Gal bossal / boçal
Gal abissal canta Macalé

"Não choro meu segredo é que sou rapaz estressado"

Indiassincracia.
Na UnB o curso de cinema que mal teve tempo de começar. Dezembro de 1968 limpou o Brasil dos intelectuais combativos. – Nas entrelinhas lê-se ORGÂNICOS – Nas entrelinhas lê-se engajados.
Sobraram as tiazonas dos militares com seus livros velhos do Estado Novo e seus conhecimento de um Francês rendez-vous.
Francês rendez-vous: “Je m’appelle Maria et je suis mariée”

O Globo de 16 de Abril de 2015 noticia:

"Morte do poeta enquanto jovem. Com seus 28 anos poeta ingere toda a água da Baía de Guanabara e não explode. Espinha de peixe mata-o e perfura o seu pulmão" - Plano do poeta dez anos antes chorando em baixo da amendoeira. Seu amigo o abandonara e ele estava só. E para completar começara a esfriar como nunca antes esfriara.

poeta plagiador não convalesce e sim tenta recuperar poesia perdida. (faz questão faz sofrimento de passos na mesma rua)

THE FLAN IN THE FACE THE FLAN IN THE FACE THE FLAN IN THE FACE

Gal canta na vitrola canção que diz:

"Palavras, Calas nada fiz"

A canção mais triste já escrita por Caetano Veloso.
“Eu sou um homem tão...”

Poeta coleciona canções com lágrimas. E orgulha-se por um dia ter chorado ouvindo Samba suor e cerveja.
Samba de fevereiro na Lapa. Suor com cheiro de cigarro e cerveja que percorre o corpo trêbado. “Salgado”

Cú de bêbado não tem dono
- já dizia a sabedoria popular.

Na lapa diversos cús sem dono desfilam procurando alguém legal pra ficar.

Estilo colonial. Ano: 1750 - Hoje serve como mijador e para a passagem do bonde anacrônico que nos leva a Santa Teresa - Eu sempre quis morar em Santa Teresa. É talvez o que tenho de original mais anti-europeu em mim.
Complexo de identidade – forjada, inventada, fetichizada. (Somos todos europeus)

Renegar a cultura européia e adotar o guarani como língua oficial. Gramáticos cultos que entoam cânticos guaranis nas vielas do Rio: "Ñanderú, Yyw Wyye"

O Paraguai inchando tanto que engloba o Brasil e chega até a África. O Paraguai é o país do futuro. O país menos latino e mais americano que existe.
Termo latino-americano – paradoxo encoberto pelo sistema cultural do mal.

O Paraguai é de Deus. E Deus não é Europeu nem Brasileiro. Macaquitos. O totem rejeitado. Somos todos macacos? Somos todos marcianos? Complexo de colonizado. Reescrever manifestos que assolaram o modernismo latino-americano. Vento de mudanças.
I met you in 1930 e você estava outra!

Gal canta na vitrola "Vaca Profana"

Plano escuro do dorso de um homem obscuro. Trecho do poema que diz sobre as costas e sobre o mapa da perdição.

O tráfico de escravo em costas negras.

Negro esbelto, mestiço, mameluco retratado por Grande Pintor da década de 30 - Costas Negras - Mapa da Mina. No Benim intelectuais reprimem exclamações de agradecimento ao governo português.

A Professora de História do Brasil Colonial com sua voz inconfudível sobe na cadeira e exclama :

"O Brasil não se formou no Brasil E sim num Riiiiiiio chamado Atlââântico."

Atlântico de Janeiro. Bicando galho. Cagando Alho -
Poeta com envelope azul revela : And her name is Fear N' And ....

Paixão heterossexual reprimida - Heterodoxia teórica - Se se pode optar entre a maçã e a banana porque não escolher os dois? Por isso o marxista lê Gilberto Freyre - Eclético.

Paixão heterossexual - Se acaso você chegasse no meu quarto e encontrasse aquela revista proibida que nunca comprou. Será que teria coragem de me perguntar para sair?

Gal na vitrola canta canção ainda não escrita de Caetano Veloso, com incursões na poesia de Catula da Paixão Cearense. "Meu coração tem mania de liquidificador"

Fetichiza, meu amor, fetichiza
(Cantor brega canta em espaço de socialização SÃO CONRADO XXIII SUA NOVA CANÇÃO)
Fetichiza enquanto há tempo.
Enquanto há tesão
Há esperança.

O desejo proibido.
Libido.
Beijos sôfregos que machucam a gêngiva.
O amor não sente dor.

Interrupção na hora do gozo. - Gemido em Chinês - Sexo tântrico bastante démodé em tempos pós-modernos.

Cientistas Taiwaneses descobrem a máquina de gravar orgasmos - grava-se um orgasmo e pode-se aplicá-lo em qualquer lugar em qualquer hora - quebra de tabu oriental - reuniões orgásmicas.

Taxa de suicídio das criancinhas japonesas - Taxa de suicídio em Niterói.

Cidade sorriso - Niterói lugar de gente feliz. - Niterói cidade sorriso - Niterrói terra brasílica de puetas -

Gal canta na vitrola samba do avião do Tom Jobim - Galeão, Galeão, Galeão me dê um pouco do teu ão.

Poeta de mão dadas com seu companheiro entra num supermercado em Realengo - Apedrejamento dos homossexuais no Irã - "Tem que matar tudo mermo, tá tudo errado" - "O Pau foi feito pra encaixar na Buceta" - Poeta como mártire – Na capa da revista semanal “Viaje”.

Espíritas de todo o mundo se reúnem para a continuação do livro dos espíritos - Jesus está na América neste momento e as coisas não estão boas. Eles venceram e o sinal está fechado pra nós que somos marcianos.

Gal cantando na vitrola a música da madrugada.
Gal faltando ao trabalho.
Gal acordando tarde.
Gal com Glaucoma.

MA - TA - GAL - MA - TA - GAL - MA - TA - GAL - MA - TA - GAL - MA - TA - GAL - MA - TA - GAL - MA - TA - GAL - MA - TA - GAL

Exclamação de jovens nascidos na década de 80 quando vêem a capa do LP Índia Indie : "Mas como ela era gostosa"

Gal canta na vitrola :

"Eu vi o tempo".

Big Cunt records. - relança o LP Índia Indie (sem biquini)

Mata a Gal por favor.
Poeta exclamando última vontade de vinda.
Meus vinte exatos anos me convencem que a vida é por demais absurdo.

Waly responde: TA - LE - GAL - EU ACEITO ARGUMENTO - MAS NÃO ME ALTERE A POESIA TANTO ASSIM -

Foto de Buenos Aires no centenário da revolução - A capital branca, a Paris americana - Gal cantando em castelhano canções do Roberto tomando sorvete na melhor cidade da américa do sul e ouvindo tango na Plaza Del Mayo diz:

"La concepcion aristotelica de una coesion y harmonia natural entre lo individuo y la sociedad desaparece de las teorias modernas y su lugar es ocupado por la descricion dessa relacion en termos de conflictos y contradiciones. Expressiones como "la turba solitaria" y "privatizacion forçada" tornaramse lugarescomunes en la reciente literatura sociologica. Es cierto que la "soledad" en los ultimos cincoenta años, tiene sido el tema central de las pieças de arte, y tambiem como de muchas discussiones teoricas."

“-o bom é ser feliz e mais nada, naaaaaaaaaaada"

sábado, outubro 20, 2007

Repúdio a operação araribóia


Em tempos de operação araribóia em Niterói dedico aos camelôs essa linda canção de Billy Blanco que conheço na voz da Dolores Duran.
Fomos todos atingidos pela ganância do grande capital.

"E como se não existisse a luta de classes" - Nesta primeira década de nosso novo século ela é forte e aguda por mais que muitos queiram negar a sua existência.

Por isso primamos pela transformação.

Todo o apoio aos camelôs, todo apoio ao comércio autônomo.
(Enrustindo-me do apoio a pequena empresa ; still thinking no capitalismo)

E que na cidade chamada Niterói tal operação não seja mais do que um sintoma do nosso quadro social. Tão indiferente nos olhos da nossa nova-pseudo-classe-esquerdex-chique-centrex-centrada-madura-endireitada. Os mesmos camelôs que vendem para as senhoras de Icaraí, senhoras tão educadas gente tão fina. E no morro do Céu tem gente morrendo por causa do lixo.

Humanismo antes de tudo.

Aos responsáveis pela Araribóia Operation e para os políticos conservadores e pseudo-esquerdex de Niterói:

"Camelô
Camelô, esse dono da calçada
Na conversa bem jogada
Vende a quem não quer comprar
Se tivesse tido a chance de uma escola
Muita gente de cartola
Lhe daria seu lugar
Ele é vesgo, pois a profissão ensina
A ter um ôlho na esquina
E outro olho no freguês
Assim de vez em quando ele escapa
Gozando a cara do rapa
Que bobeou outra vez
Aconselho então
A muito deputado que ganha calado
Escutar o camelô com atenção
O distinto aprenderá a falar de fato

E ao terminar o mandato já tem uma profissão"
(Billy Blanco)

E haverá tempos meu amigo, haverá verbo no futuro
Tese do dia que virá que cismamos em usar
Mas meu amigo, meu irmão, meu camarada
É preciso comer, é preciso viver, é preciso cantar
é preciso amar


Louvor ao piratex. Toda a propriedade intelectual como um roubo.
Ninho de contradições. Welcome to the inorganic jungle.

E mais do que nunca é preciso cantar.

sexta-feira, setembro 14, 2007

Só Jesus Expulsa Poesia das Pessoas

"Só Jesus expulsa poesia das pessoas" é um manifesto, um conceito orgânico acerca da proliferação do pecado nos dias de hoje. Acerca da incredulidade reinante e acerca da inversão de valores que opera coisas terríveis em nossos corações já tão mutilados. Numa prosa que podemos chamar de moderna, promove um questionamento e uma reflexão para os rumos por demais iluminados. É um acerto de contas com o Iluminismo, antes de tudo. Um manifesto extremado do desespero frente às sujeiras teóricas e às prosas e poéticazinhas por demais insufladas de rebeldia e nenhum apreço a religião. Como podemos observar nestes blasfemos e horrorosos versos daquela mulher perdida que era chamada por todos de Condessa de Marília Paula. Que o Diabo tenha a sua alma no 666º círculo do inferno:


"Eu não tenho religião, pois sou inteligente" (Província de Nictheroy, Maio de 1845, após ler todos os livros de Voltaire e Marquês de Sade no original)
"Melhor que tirar o diabo do corpo, é botá-lo no corpo. É uma delícia!" (Frase pronunciada em uma de suas festas em sua fazendo, quando dançava nua com seus amigos o ritmo do Lundu e outros batuques africanos, Janeiro de 1856)
"Se eu não fosse a Condessa de Marília Paula eu seria a Deusa Mãe Invertida e Diaba nas horas vagas" (Frase proferida quando de sua estada na casa de outra poeta obscura em São Paulo, Fevereiro de 1900)
"Meus versos defloram virgens e sujam de Pecado qualquer pretensão imaculada" (Em entrevista um pouco antes de morrer, quando da sua viagem a Berlim em outubro de 1924)
- Condessa de Marília Paula



Este poema feito por inspirações transcendentais é dedicado a alma de tão infeliz pecadora.




Minha humanidade proibiu-se mostrar desde tempos imemoriais
Minha humanidade foi banida de qualquer forma de expressão
Hoje ela é comedimento e submissão e espera de qualquer coisa maior que nós
Tenho vontade de escrever toda a vida numa só linha.
Desde a criação, desde o zero primordial.
Está ocorrendo uma inversão de valores.
E essa inversão não é fruto do século XXI, e sim, fruto do pecado
Do pecado
Do pecado
Do pecado
Até quando portas estupidas?
Até quando humanidades enjauladas, até quando isso?

A esperança de ver a nação transformada não está nos homens
Mas sim naquele que é o único que pode reverter as mazelas
e libertar esse povo de toda e qualquer escravidão:

O Senhor Jesus.

(Frente a ti minha humanidade é rala
Frente a ti minha humanidade é fraquinha e agüada)

Não, frente a ti minha humanidade é grossa. E a tua, Senhor, tão grossa o quanto.

Libertação financeira.
Libertação financeira.
Na batalha espiritual conseguirei todas as coisas que quero.
Libertação financeira.
Libertação financeira.

(Poeta lambe a bíblia folheada a ouro. E cada página feita com diamante.
É preciso muita riqueza para o Senhor, para impressionar os crentes
Tomar de amiúde de empréstimo a estética do rococô no mais virulento dos contextos e fazê-la reluzir no olhar dos arrebatados )

"Estou vendendo a minha alma ao Diabo nestes versos" - Trecho de um poema da Condessa.

Não os leia. Não os leia pois quem os ler vai tornar-se comparsa do Diabo.
Quiça um cúmplice fatal.
Quiça o próprio Senhor do Mal.

"Diabo, diabinho, diabão, cabe em ti qualquer humanidade?
Diabo, diabinho, diabão, podes sentir ternura em meus versos?
Comunga-te de qualquer coisa que não sabemos o quê.
Comunga-te tu também"
Não adianta mais teus mesmos versos que dizem:

... Tremam todos e blá blá blá ....

Eu sou o pecado. Eu construi as cidades do pecado, eu fui o anjo decaído.
Não pense que é piedade ou qualquer coisa parecida.
É maldade mesmo. Das brabas.

Na verdade - acho que voces já podem ouvir isso - eu, o Diabo, criei Deus.

Libertação financeira.
Libertação financeira.

Não, frente a ti minha humanidade é roxa de raiva e vermelha de fome.
De fome. De fome. De fome.
O senhor é meu pastor e nada me faltará.
Não me faltará absolutamente nada.
Só Jesus expulsa o demônio das pessoas.
Só Jesus expulsa a Renata Sorrah das pessoas.

Logo a Renata Sorrah?
Por que ela?

Só Jesus expulsa o Bispo Macedo das pessoas.
Só Jesus expulsa Maria das pessoas.
Só Jesus expulsa computadores potentes das pessoas.
Só Jesus expulsa poeticazinhas das pessoas.
Só Jesus expulsa conflitos étnicos das pessoas.
Só Jesus expulsa coca-cola das pessoas.
Só Jesus expulsa a maconha das pessoas.
Só Jesus expulsa a faculdade mental das pessoas.
Só Jesus expulsa o demonio de saia das pessoas.
Só Jesus expulsa a propedêutica das pessoas.
Só Jesus expulsa Foucalt das pessoas.
Só Jesus expulsa Newspapers das pessoas.
Só Jesus expulsa vovó do pó das pessoas.
Só Jesus expulsa as pessoas das pessoas.
Só Jesus expulsa expulsa das pessoas.
Só Jesus expulsa Jesus das pessoas
Só pessoas

Tirem Jesus dessa parada.
Bota Jesus no meio.
Tira. Põe. Tira. Põe.

Deixa o zé ferreiro trabalhar...

Jesus : Eu em verdade vos digo / Vão todos pra Puta que os pariu.

Só Jesus expulsa a Puta que o pariu das pessoas.
Só Jesus expulsa o analfabetismo das pessoas.
Só Jesus expulsa a consciência de classe das pessoas.
Só Jesus expulsa a Isabelita dos Patins das pessoas.
Só Jesus expulsa a Roberta Miranda das pessos.
Só Jesus expulsa a masturbação das pessoas.

Masturbação é coisa do demo.
Do demo.
Do demo!

Humanidade, orai. Orai. Orai. Orai. Pois o fim está próximo.
Está próximo o fim da estupidez.

A estética realista é tão bonita, tão sincera na sua não sinceridade que me dá vontade de chorar quando vejo algo assim.
Olha que grandeza num só verso, numa só cena.

Só Jesus expulsa Stanislavsky das pessoas.

Humanidade orai. Orai e não deixai o poema acabai.
O poemai precisai continuarai atai oai fimai.

Eu não sou daqui. Eu sou de Marte.
De marte e lá todos comungam do ser coletivo.
É tudo o máximo.

Só Jesus expulsa Marcuse das pessoas.

Aquele papo de Êros e Tânatos, tudo aquilo de id, superid.

Só Jesus expulsa a pederastia das pessoas.

Versos pederastas. Escreverei um verso pederasta que começaria assim:
"eu falo, tu falo..."

Só Jesus expulsa computadores na promoção das pessoas.
Só Jesus expulsa espetáculos off-broadway das pessoas.
Só Jesus expulsa a contracultura das pessoas.

Eu sou vontade no ar preso por determinações psico-sociais.
Eu quero te beijar te agarrar mas não posso.

Só Jesus expulsa o fogo do desejo das pessoas.
Só Jesus expulsa o sexo oral das pessoas.
Só Jesus expulsa o coito interrompido das pessoas.

Eu vou te fazer em música. Vou te fazer em som e imagem.
Vou te fazer em nada, em letra de poema em obsessão. Vou te fazer chegando sorridente
acanhado e feliz em algum lugar
Vou te fazer me procurando vou te fazer atrás de mim vou te fazer assim
vou te pintar vou te escrever

Só Jesus expulsa a escrita blasfema das pessoas
Só Jesus expulsa ongs das pessoas.
Só Jesus expulsa o Zumbi do Mato das pessoas.

Mas assim não dá pois voce não aqui está voce está distante.
Só Jesus expulsa Acre das pessoas
Só Jesus expulsa moda de viola das pessoas.

E minha linguagem por demais subversiva, autônoma, minha prosa experimental, minha monstruosidade literária?

Só Jesus expulsa Guimarães Rosa das pessoas.
Só Jesus expulsa Fernando Pessoa das pessoas.
Só Jesus expulsa Florbela Espanca das pessoas.

E no Hotel Paris atrás de uma poeticazinha para viver e....

Só Jesus expulsa Ella Fitzgerald das pessoas
Só Jesus expulsa cataclismas introspectivos lispectorianos das pessoas
Só Jesus expulsa resquícios de Who's afraid of Virginia Wolf das pessoas

Solamiente Jesus expulsa los impetos sexuales de las personas.

Solement Jesú expulser les droits de les citoyens du persones.

Just Jesus take out blow jobs of the people.

"SE ME DER NA VENETA EU VOU"

"Jesus, eu te amo como nunca te amei como nunca te conheci eu só te peço que tire a roupa da próxima vez." - Condessa de Marília Paula em prosa por demais satânica declamada em ritmo de tango num dia de verão na praia de botafogo há muito tempo atrás. Haxixe, ópio e outras coisas a mais ao redor da Condessa que louca esperneava e berrava já com seus setenta anos de degradação moral e física.

Só Jesus expulsa a rapidinha das pessoas.

As pessoas estão tão cheia de coisas. Eu não sei o que fazer mas você sabe
Você sabe

Só Jesus expulsa Sartre das pessoas.

Só Jesus expulsa tudo das pessoas.
E não deixa nada lá dentro.
Nada.
Nem angústia do existir.

Nem Camus!
Nem ele!

Só Jesus sabe.
E a Xuxa também.

Brasil terra do futuro. Pátria do evangelho. Pátria amada. Pátria Pária Parada. Brasil tudo de nada. Nade de novo. Brasil Brasil Brasil chegar a tua essência é difícil. Pra te conhecer melhor me vou embora por um ano. Sem antes cantar Irene ou Aquele Abraço ou reinventar canções nunca dantes navegadas como eu me vou para voltar com nada mais do que uma marca de abraço em tua camisa eu me faço assim assado com cara de tacho decorando. Decorando o Brasil e seu peito forte e suas costas lindas e suas mãos. Mãos tão belas. Brasil. Brasil. Jesus, agora vem cá, chegue mais perto moço bonito (poeta diz na cama embriagando o amante com frases diversas), se achegue Jesus, você acha que consegue expulsar o Brasil das pessoas?

Jesus Responde:

Brasil é por demais grave. Brasil é profundo. Brasiléia esporrada.
Na minha rua eu não quero fudedança nem ninguém louvando ao senhor.
Estou farto do senhor e de seu lirismo porra louca.
Estou farto da bíblia e da religião.
Estou farto da religião.
Ópio do povo sim. Vão pro inferno todas as religiões.
Ao lixo essas coisas enfadonhas. Ah, como eu queria que Deus não existisse pra todo mundo também.

Jesus mea culpa. Jesus ibid. Ibidem. Jesus hifen. Jesus.

Seu nome em vão.
Esfrego o nome de tudo o que é sagrado no chão.
Pois o chão é humanidade profunda.

"CHEGA MAIS PERTO" - Início de uma frase declamada por um poeta obscuro e vacilante por figura por demais portenizida estilizada em poeta da contracultura em geração do mimeógrafo.

"na praça da playboy"

Yo soy un chico porteño y quiero hablar portugues con vos.
Pero yo no lo sé.
Yo soy una chica portena y me gustaria de trepar con vos.
Pero yo no lo sé.
Yo soy un chico. Un chico y me pregunto se vos me gustaria de darme un beço o otra cosa.
Yo soy Mary.
Mother Mary comes to me and do the fucking thing and before everybody she takes out her clothes and say in perfect french:
On y va? Oui, mon amour, mon amour vite.
Mother Mary lives far far away and she doesn't like eating hot dogs because they are made of bad things of the pigs or of the cows mother mary likes writing in the keyboard my perfect english from niteroi
I am loving doing wrong contructions. My portuguese can colonize my english.
Eu vou estar escrevendo uma elegia para o espanglish pro portunhol e principalmente pro revolucionário Frenglish que escrevi quando apaixonado uma vez há dois anos:

Mon amor, Je think that it's pas bon pour do our job. Where is your garçon? I don't sais pas. But Je pense that the communist party du brésil nous going to say le formule de notre program of taking the power through the revolutionary role. Mais avant we doit écrite the choses. Le first thing j'm going to écrire est:


É 2007. Talvez este seja o tempo mais revolucionário que se viveu na terra. A consciencia de classe é um fato. Os patrões temem a conscientização e a classe trabalhadora agrupada em centros e comitês impõe sua fórmula e a revolução é uma questão de tempos. São Paulo já é a capital vermelha e da lá partem os comitês e as centrais de ajudas. A rede globo já está ocupada. Os proletários da Cidade de Deus já ocupam o Projac. As universidades todas estão arregaçadas. As universidades estão arregaçadas e as tendas culturais proliferam. Estatização forçada. Tudo feito com muita flor e muito amor.

The dream is not over.
But the dream is not over.
Because the dream is not over.
Although the dream is not over yet.
Keen. 'OI.

Harry Potter não morreu.
Mas chorei quando terminei o livro.
Since 2000 eu leio e espero o próximo livro.

Só Jesus expulsa leituras tolas das pessoas.

Só Jesus expulsa prosa surrealista das pessoas.

Só Jesus expulsa 2012 das pessoas.

ORAI, aquele que é poderoso para fazer tudo muito mais abundantemente
além daquilo que pedimos ou pensamos segundo o poder em que nós opera.

Para trás de mim Satanás. Isso pra trás. Agora chega mais perto.
Vá de retrum Satanás.
Mas com camisinha.
Vá de retrum Satanás
Mas com camisa de vênus.

Sexo seguro.

Ai Satanás, assim dói.

Só Jesus expulsa Ménage a Trois das pessoas.
Só Jesus expulsa Baudelaire das pessoas.
Só Jesus expulsa Oscar Wilde et Rimbaud das pessoas.
Só Jesus expulsa Osana.
Osana que se jogou das alturas em direção ao mar morto.
Pano encarnado na cabeça.
E as mãos livres para pegar o ar.

O corpo é por demais satânico.

A genitália é satanica.
Não dá pra conciliar cristianismo com genitália. Por isso a repressão.
Capai-vos.

O Pau já tem o formato do demo. Não adianta fazer nada.
E o que dizer da magia e da poética da Buceta.
De espantar qualquer exorcista.
Ela tem o formato do demo vestido.

O Sexo é uma coisa do demônio sim.

Só Jesus expulsa mocidade das pessoas.

Só Jesus expulsa tudo mas tudo das pessoas.
Só Jesus expulsa Sérgio Mendes das pessoas.

Há uma excessão pra Jorge Ben Jor. Excessão essa por demais séria pra se escrever levianamente. Respeitemos.

Eu estou me indo agora na prosa pois sono vem sono vai
eu nasci uma vez e achei tudo muito falso e tudo muito chato e resolvi escrever esse manifesto pra curar minha dor de cotovelo pra curar minha raiva de qualquer obscurantismo.

Jesus diz: obrigado, eu entendi o recado.

Tenho certeza que eles entenderão também.

Amém.

terra brasílica de puetas - 2007

sexta-feira, agosto 03, 2007

Maria


O flamenco!
Eu o escutei
“Homenage a Camarón”
De quem era aquela voz?

Gonzáles é morto. Ele não vai poder me dizer!
E eu nem conheço a Espanha!

Sou música! Sim e já te vejo
Como uma dançarina de flamenco
Me chamando para o mistério de tuas mãos
Tão femininas!

Mulher primordial
Louvo a tua estranheza e toda você que desconheço
Teus anseios e teu corpo
Que sabe sentar-se e não ouvir ninguém
E mexer os lábios
Na taverna.

Qual caminho interrompi?
Na garota que magoei.
Mulher, quanta poética tem a mais
Que qualquer homem

E eu, não tenho nada a escrever.
Só alarde a fazer.
Pois traidor sou.
Porém no flamenco purgo o que chamas de imperfeição minha

E sou homem pegando na tua mão.

domingo, julho 01, 2007

FODA

"Pois dar de beber a dor é o melhor já dizia a Mariquinhas"

Mas ouvi a Mariquinhas. Que dizia que dar de beber a dor era o melhor.
E entendi um pouco do mundo.


E bebi o sofrimentozinho
Que quero no diminutivo
Pois lambuzemo-nos de coisas boas
E tudo parece menor

E transformemos a tristeza em alegria sacana

quinta-feira, junho 14, 2007

quinta-feira, maio 17, 2007

Poemas Sacanas

“HAVERÁ PARADEIRO PARA O NOSSO DESEJO
DENTRO OU FORA DE UM VÍCIO” (A. Antunes)

“HAVERÁ PARAÍSO
SEM PERDER O JUÍZO
E SEM MORRER?” (A. Antunes)

haverá paradeiro para meu corpo
templo do espírito santo
templo pérfido
templo perdido
templo violado
e sujo
haverá salvação para tamanho inferno
irei me encontrar com o demônio?
irei copular com ele?
irei pedir perdão ao deus no fogo do inferno
irei ver o pecado
amo o pecado quando bem feito
amo o pecado mas tem que ser um pecado que tome conta de todo o corpo
como o êxtase que dura minutos após o gozo
talvez seja a graça em meu corpo
a graça abençoando tudo isso
tamanha graça que nos torna ofegante da nossa condição humana
que vá até o cérebro e escureça a vista
que arrepie cada toque e cada beijo
assim é bom o pecado
assim é bom gozar pra fora como fez aquele na bíblia
jogou sua semente fora e levou uma bronca de deus
assim é bom trepar
em todo o lugar
pecado é ter corpo e não trepar
eu se fosse Eva me masturbaria na frente de Adão
E na frente do dono do paraíso como protesto
E depois junto com a serpente faria uma orgia e chamaria Adão
Se eu fosse Adão me lambusaria com o fruto proibido
Passaria no corpo de Eva e a lamberia todinha!
E convidaria todos
Menos aquele deus que expulsou todos
Ele teria que reinventar a humanidade
ou ficar emburrado com ela pra sempre
e mandar um dilúvio
de castidade
haverá paraíso sem perder o juízo?
perco o juízo contigo
sim
mando ele pra puta qui paril
perco o pudor rapaz
por que tudo aquilo é balela e é furada
quando eu olho para tudo aquilo
fico triste e vejo
como deturparam tudo!



Derramando o seu decote
Seus seios que pulam da camisa
E chamam
E convidam
E pedem
Uma olhada
Ou uma chupada


Rapaz, não brinque não
Eu bem te avisei
Sou homem certo
Rapaz fique na tua
Que afogo o teu sorriso num beijo
E grudo em você


Na noite escura
Eu vi o teu corpo
suado
Senti o teu cheiro
E tua respiração no meu corpo
O teu calor na minha pele
Não sabia o que era sono e o que era estar acordado
Só sei que estava contigo
e éramos um só


tua camisa
tua saia
tua roupa
tua meia
tuas costas
tuas pernas
tua boca
tu todacompleta

aquele que tem lábios finos
e cara de anjo
e olho de demônio
e corpo de deus

a pele e a roupa
o suor
a saliva
o calor
o gemido
teu líquido
meu líquido
nosso líquido
bento.


Dentro e dentro de ti
Eu via o que não queria ver
Via o pior das coisas
O quanto esse momento poderia durar?
Um espasmo, um gozo
Um beijo
Um empurrão

te como
te mordo
te bebo
te chupo
te mastigo
te solvo

A chupada chapada na chopada
Chupada
Chapada
Chopada
Chupada na madrugada
Chapada de cerveja
Chopada de indecência
Ela não quer ouvir falar em nada
Quanto menos ele.
E que se foda tudo!
E o que importa é a chupada
profunda.


pequenas coisas escritas
escrividas
escrevinhadas
escritinnhas
escrotas
escrutinio


teus braços de homem
tuas mãos ágeis que fingem escrever alguma coisa
que fingem pensar várias coisas
teu rosto e tuas sobrancelhas que fingem se espantar
teu sorriso de menino
para sempre guri

lá na escuridão nos defrontamos com aquele que sempre vem
nos tornamos adultos entendendo o desejo
compreendemos pequenas coisas
lá no beco
onde o vento não ousa chegar
eu meio tonta
e você me chamou de mulher
pela primeira vez

e o teu corpo
teu peito e tuas costas
tuas mãos e teus braços
tuas pernas e teu sexo
teus pés e tua nuca
teu corpo

nada debaixo do short
nada
nada
navega
nádega
na adega
escondido
rápido
antes que alguém chegue

segunda-feira, abril 30, 2007

"A Consciência...." - Ensaio Fotográfico 29/04/2007


Olhares que se fazem representativos. Fragmentos de uma realidade inserida num tempo com suas feições e contradições.


Registros de olhares urbanos múltiplos: Érica, Augusto, Henrique e Fernanda.
Manifesto central.
Ato poético que se quis assim.
"Mas pra que tudo isso?" - "Afirmação" de um transeunte de Icaraí.

E como disse o poeta:

"A poesia sempre será o ato transgressor da objetividade árida"






Que não venham palavras como conciliação. Como aceitação de uma certa realidade. Como bem disseram Brecht e Leminski:


"Nós vos pedimos com insistência

Diante dos acontecimentos de cada dia.

Numa época em que reina a confusão,

Em que corre o sangue,

Em que o arbitrário tem força de lei,

Em que a humanidade se desumaniza...

Não digam nunca: Isso é natural!

A fim de que nada passe por imutável"


"A vocês eu deixo o sono;

o sonho não, este eu mesmo carrego"


E que com o sonho se faça o caminho escolhido. E que da impossibilidade se faça a inevitabilidade.



E eis então que o Ronald Mcdonald apresenta feliz o manifesto anunciando a complexidade dos novos tempos. Ás oposições políticas e ideológicas do mundo apresentemos o sorriso conciliador de Ronald e sua fundação. Responsável por diversos empregos no mundo.

quarta-feira, abril 25, 2007

Esclarecimentos sobre a morte do Sr. Bubukowski

É lamentável que em curto espaço de tempo as coisas tomem rumos tão subitos e perigosos. Mas há algo no ar que denuncia essa coisa diferente. Mistérios frabricados ou inventados. É a praxis que se impõe. Infelizmente em carta aberta me manifestei sobre a morte de alguém que marcou alguma coisa em algum lugar nesse mundo. É a ele quem dedico toda a merda de hoje. Ele que personificava o século XX. Ele que foi embora.

"Vou-me embora mas deixo a praxis" - Disse Bubukowski em 1997 quando esteve a beira da morte. Só que felizmente ele milagrosamente não morreu. E viveu mais dez anos. E ainda foi ao enterro do Ginsberg. Está aqui então modificada por anos que pareceram séculos. Sua renúncia a uma inexorabilidade ou a uma pós-modernidade o fez uma figura coesa na sua incoerência e na sua maneira escrachada de ser. Ele não concordaria com nada com que escrevo agora. Mas ele morreu. E nada pode fazer.


Definitivamente não nego e nem julgo a morte de Bubukowski. Ele não pertencia mais àquele século e aquela coca-cola na mesa foi o ponto final de toda uma situação. Sim, aquilo era o futuro que ele esperara por tanto tempo e não dera em nada. Desgosto profundo ele sentiu e no primeiro dia de 2007 se suicidou. Podemos dizer que ficamos órfãos mais ao mesmo tempo já pesquisamos um pouco sobre a sua vida e queremos escrever a sua biografia. Morreu aos 89. Não quis chegar aos 90. "É tão clichê fazer 90 anos" dizia ele. "90 anos já tem cara de morte". Novas poesias escritas durante sua estadia em Belgrado foram encontradas. Assim como as de Sarajevo em 1967 e serão publicadas em seu blog "bubukowski.blogspot.com"Sua última fase terminou entre a Glória e Niterói. Latinoamerica como movimento idealizado que não saiu do papel. Suas poesias engajadas e talvez ingênuas de 1965. E fotos dele andando na rua á européia. Bubu influenciou toda uma geração. E outra e outra. E até a nova geração. Não preparamos homenagens e sim apresentações de suas obras, tributos a Bubukowski. Um filho da puta que não deixa de sê-lo só porque morreu. Foi assim que respondeu a um dos mais renomados estetas do Brasil. "Enfia tudo isso que você tá dizendo no teu cú". Esse era Bubu direto e polêmico. Já propunha a desativação do limbo antes mesmo dele acabar nesse ano. Isso foi na sua fase católica do ínício dos anos 90. Em "Papa olhais as criancinhas do limbo" ele destrincha a angústia de estar num lugar que não é inferno nem paraíso e sim um não-lugar. Bubukowski não morre para ficar no coração de todos. E sim "na merda de todos". Como bem definiu em declaração recente. Bubu velho tarado e renomado.

(Abril de 2007)

terça-feira, março 13, 2007

Noite sim e para sempre de estrelas e para sempre iluminada

Seja qualquer um que te mandou aqui amor
Estou então afim de cantar
Pois viver é muito melhor cantando
A minha lua não está no céu para meu amado
Faça então minha noite cheia de estrelas
Faça então minha cama menos vazia
Cante para mim as canções que nunca ouvi
Vamos então juntos para qualquer lugar nessa noite
Noite fedida mas nossa
Caminhemos então no escuro
Envergonhando-nos de amores interiores
Diremos boa noite a Deus ao som de gaita, sim, ao som de uma gaita
E tentaremos ensaiar os mais bonitos acordes
Porque eu te amo e isso é tudo
Porque não acho leviano dizer eu te amo
Acorde o meu amor cansado
Que insiste em dormir
Vá lua, olhe o meu pranto
Acorde-o!
Meu maior hemisfério, meu oriente está desgastado
De tantas fantasias heróicas
Que agora pode chorar de outra forma
Quero sim poder te escrever na primeira pessoa e te tratar por meu amor


Chora, chora sim que hoje ninguém vem pra casa

e tua noite vai ser a noite primordial
daquelas que de tão noites doem na gente

segunda-feira, fevereiro 19, 2007

tudo

Confesso que senti
confesso então que tudo era feito de mentira e desejo
vejo a loucura na minha frente a enganar todos os sentidos
icentivando o ato insano do desejo e da paixão
não percebendo o que vai acontecer quando o tempo passar
tocarei a consciência e desafinarei do meu violão
prestando atenção para todos os acordes dissonantes
que distoam da minha ética
ética
ética
ética
e quem disse que a ética seria para sempre a te guiar
todos os teus atos de rapaz direito comportado meiguinho
então, meu amor, os acordes da guitarra se sucedem cantando a história de um amor feito de desespero, temporal e lágrimas
meu amor que não presta atenção ao valor
de quando você dorme. da noite.
do mistério da pseudo-iluminação da noite que vai se tornar dia
do exato momento mais frio. da saliva mais pura.

do coração culpado
a história de teus erros enumerados de um até trinta e sete
do teu futuro passado que se faria de roupas pesadas e pouco dinheiro
de caminhadas longas até a estação de metrô no frio de fevereiro
da tua ânsia de voltar para casa em pleno agosto
e sentir o inverso de teu verão estrangeiro
e ver quantos por ti esperavam
nem lá nem cá
mas sim dentro de ti.

Vais continuar fingindo? Vais?
Advogue para todos a tua mais invulgar verdade
que é a confissão da loucura planejada e racional
tome de assalto o mundo que pensas ser teu
escrevas as palavras que pensas fazer sentido
traduza em palavras cada aperto no coração
cada frio no estômago
cada alegria momentânea
cada felicidade descarada que cada vez mais tem que ser disfarçada
não pode ser sentida
Se eu tenho que ir
(farei através de cornetas e baterias num ritmo compassado)
promoverei o maior dos festivais
Se eu tenho que ir
Irei pensando no seu amor
E no quanto representei
Mas tudo foi uma mentira baseada numa verdade
Tentei a morte
Em janeiros perdidos tentei a morte
Estrangeiro naquela terra tentei o lago quase congelado
quase morno por conta do clima louco
meu sangue estancou
estancou
estancou e não vi nada.
só pessoas de branco falando aquela língua estranha e sem vida
Eu poderia dizer que a vida fora uma violência desde o início.
Ando. Ando em um dia qualquer de junho por minha terra. Apressado, enfiado em meu casaco caminho fugindo da vida. Fujo de tudo o que tem vida e evito dizer eu te amo pois não amo, evito dizer sinto muito pois não sinto. Todos os garotos não passavam da mesma pessoa. Se um dia pensei ser sensato essa sensatez se fez com meus vinte e dois anos. De mãos dormentes. Mãos. E então vi-me com vinte anos e com minha capacidade de dramatizar proto-emoções. Como uma criança pode se apaixonar perdidamente? -Mas não é possível. Era então a infância a idade mais dourada, mais iluminada. Construí sorrisos perfeitos aos cinqüenta e sete anos. Homem de idade. Sentado em meu sobrado sem qualquer amor para apoiar a cabeça. Na compania de cheiro de mofo e livros amarelados nunca lidos.

Vivo os meus sonhos hoje
Vivo os meus sonhos ontem
Vivo os meus sonhos amanhã

Não será assim Assim nunca será. da miséria e da estupidez do meu tempo
da apatia geral de todos
que não se mexem e não gritam
e jogam o braço para o alto para gritar em coro
um grito único feito de instinto
e assim seria.

o que tenho a dizer?
confesso que traí sentimentos e emoções
olhei para fora e vi mais a solidão
afundando num eterno adeus
daqueles que apesar de dados não vêem a separação
precisarei de três juízos finais para entender
o que não entendo agora.

terça-feira, janeiro 02, 2007

e o que restava era seguir em frente

Faça do melhor verão que existir todo o seu passado inventado!
O teu passado inventado!
O teu amigo inventado!
A tua certeza inventada!
A tua música inventada!
A tua amiga inventada!

Mande-a cantar aquela canção, aquela que fala sobre andar pelo mundo
Depois lembre-se que você está em um dia qualquer de dezembro
Esperando o ônibus que te levará para o trabalho
E a temperatura ficará acima dos trinta graus durante todo o dia
Quando sair do trabalho, lembre-se de ter a certeza de alguém que te ama
E invente também um amor para você
E talvez um guarda-chuva, pois já a chuva se avizinha e você sabe como é...
Quando chove muito assim o seu tênis fica encharcado...
Mas, tenha em mente que um imenso fim de verão se aproxima
E quando Abril chegar... Ah quando Abril chegar, terei os meus filmes e desejos realizados
Diretamente de uma tarde feita de sono e música
Como uma paixão feita de palavras e olhares

É uma grande decisão que tens que tomar nessa cidade chamada desespero
E desconfiança
E fingimento

E invente o melhor dos bons dias para os visinhos
Invente o melhor estou bem para a sua família

Mas não invente para si mesmo um não ligo
Pois aquilo doía tal e qual fogo ardente
E não invente um salvo-conduto para as tuas faltas
Pois ela não tem culpa de te ter assim
E você tem, tem muita, por ter um dia escolhido
Viver dessa forma... Ninguém te pediu essa rebeldia descabida

Agora chora, chora como na música do Cartola
E ouça o que eu vou cantar desafinadamente
Porque toda uma vida assim não seria desespero a toa

Silêncio... são duas horas da manhã e feche os livros!
Amanhã tens que provar para si mesmo que você está vivendo
E não és mais aquele palhaço que queriam que fosses

Vais descer as ladeiras embalado pela bateria
E depois descobrir que o tempo é algo que realmente destrói tudo
Quando vires, já estarás a brincar no meio do ano
Com diferentes canções e diferentes pensamentos

Mas por dentro, por dentro estará sempre a viver naqueles dias
Naqueles dias....

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não há prejuízo em lamentar os sonhos
em manhãs de domingo
não há presunção em querer relembrar
um reino antigo que de tão novo
nos convencia de sua ancestralidade
aquela seria a pior das constatações
verborragicamente ficaste preso ás convenções
da melhor forma de se escrever
e de se portar
de se importar
meu amor, estou agora no verão
mas quando outra estação chegar que não essa
voltarei para a nossa casa
e direi em teu ouvido:
foi este o tamanho da tua presunção?
ousaste a toa por nós dois?
que não merecemos nada nada mais
as árvores agora estão com as folhas verdes
e continuarão junho a fora
provando que a minha espera por ti
será eterna
não estou em Paris
nem você em qualquer outro lugar
pois você morreu
e este tempo não é mais teu
também o meu tempo é outro
e a música é outra
e a dança é outra
e tudo é outro
e o presente é passado
o passado não existe
o futuro é o presente
sempre passado
tecnicamente pelos especialistas do tempo
Por que não roubamos alguma coisa?
Por que não experimentamos fazer algo errado?
Por que não voltamos há oito anos atrás
E tentamos consertar o que aconteceu...

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Tire do momento a inspiração que você tiver. E a que você não tiver.
Naquela noite ele sonhara com o mar
E ouvia aqueles versos do
‘Sans Toi’
E dizia: TE AMO
Silenciosamente
Foi quando aprendi a te amar

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Se acreditas no inferno é para lá que vou. Lá onde as coisas acontecem
Não vou levantar no juízo final
Direi: voltemos a dormir e a fornicar
E Ele não vai insistir
Ele tem mais o que fazer

O Diabo atenta a todos

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O tempo passa e eu ligo, ligo muito
Envelhecerei e nunca sentirei a plenitude
Amar até o fim
E o resto, continue sendo o resto

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Vou chover em você. Deixo me ver em você.
Deixa-me fazer os meus versinhos
E as minhas rimas piegas
Deixa-me querer inovar dizendo que aquilo é novo
Quando na verdade não é
É mais velho que tudo
Como se tudo que tivesse para ser dito já foi dito.
Êta angústia velha

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meu amor, passaram-se as flores
passou-se o tempo
e tu já és um velho
e eu... talvez o velho dos velhos
ah, como isso há de acabar
tua mão de velhinho enrugada
arranca a margarida do chão
tem terra na tua unha
e tu já és um ancião

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você que ousou ter contato com pessoas normais
você que caminhou pelas noites mal dormidas de seu bairro familiar
você que das noites de sono tirou sustento para todo um dia
você que dos medos interiores fez músicas lindas
você que declamou o que não sentia e escondeu o que sentia
você que dançou calypso em tardes distantes
você que se atreveu a comer o que não era saudável
você que fingiu sentir prazer ao admirar as belezas divinas
você que mentiu para a louca que um dia a discórdia trouxe
você que escondeu todo os erros cometidos
você que não viu o amor se ofertando e acontecendo por toda uma estação
você que evitou o beijo com medo de sentir amor
você que sonhou ter encontrado o amor de sua vida enquanto caminhava embaixo de um sol violento de 18 de novembro
você que se encolheu em teu casaco pequeno com medo de confessar a alegria de um dia com chuva

venha ver o que não aconteceu no esplendor de uma poesia bonita
venha sentir o que poderia ter acontecido no limiar de uma explosão
num momento já
numa possibilidade que já se foi

talvez se naquele dia eu não tivesse consumido meu desejo
todo um ano não se teria concretizado

talvez sempre o talvez
ainda és o mesmo que um dia saiu mais cedo de casa para pegar o ônibus quando ainda era escuro
e escrevera momentos depois que era bonito ver amanhecer dentro do ônibus
e o pouco do raio de sol que te esquentava não bastava para o vento duro que vinha da janela
para as mãos geladas e nuas sem luvas que não encontram outro abrigo a não ser em outra mão gelada fria e sem luva
o amor fraternal era cru e sincero
qual o amor materno e do seio perdido na imensidão cósmica do tempo
mas ao meio dia o sol já era maduro e tu te deixavas envolver pelo sol
só não deixes entardecer
as cinco e meia o holocausto recomeça
e teu nariz gelado te traz pra casa quando já se faz noite
e a cama te espera
e a cama te expulsa para um reino de gelo
e não há cobertor para bochechas

um grito de glória
para o fluxo de consciência que não se interrompe em noites feitas de comidas não comidas
em tardes feitas de livros não lidos
e de declarações fraternas não ditas
e de declarações familiares não ditas
e de declarações de ofensas reprimidas

eu dedico todo um pouco da minha ignorância

você que ouviu aquela canção que só ouve em dias frios
e que no final de dezembro a ouviu e o calor era rei
tentou tapar os ouvidos
mas a música entrou dentro de ti e te trouxe para uma outra época
onde o cheiro da vida é mais sutil e tudo finge se acalmar

você que um dia ofertou um vaso cheio de flores
e que depois tirou uma a uma arrependido de tanto amor
envergonhado de tanta verdade
envergonhado de seu ato continuou numa atitude tão bonitamente infantil
tirou todas as florzinhas uma a uma
e vários copos de cerveja não adiantaram

você assassinou a sinceridade e teve vergonha de ser feliz

você deu descarga
você deu adeus àquela
aquela que foi pra longe
tentava congelar o momento, a manhã de junho de nevoeiro na ponte
e pensar que aquele momento não iria terminar
que a ponte teria a distância infinita e que no aeroporto nunca iria chegar
você se sentiu surpreso pelo frio
e quis voltar e não ver a separação
que o destino nos impõe

e então seu desejo se tornou realidade
e estavas na praia a comer caranguejo
e o sol era de um janeiro preguiçoso e a tarde nunca iria acabar
e os siris afogados na panela tinham suas carnes expostas
para o desespero dos verões
e os trabalhos adiados
e os trabalhos que nunca seriam feitos

e então era tarde demais para voltar atrás

você tinha chegado a vida
e o que restava era seguir em frente