terça-feira, dezembro 20, 2005

só um verão

20 DE DEZEMBRO
Algo de solstício no ar
Camisa Preta. Estalando de azulidade o céu me recebe. E o holocausto começa. E tudo volta ao estado de guerra. De sujeira e de suor. Quarenta e três graus me saúdam no termômetro da praia e eu olho para mim: CAMISA PRETA!
Sinto um grande calor não humano. Deus resolve ficar grudento e me esquenta até demais. A praia – ainda que suja - me chama e me convida. Mas o horror do labuta me chama. De longe avisto a ponta do morro dos dois irmãos. Copacabana me engana. Ipanema ta longe. O asfalto é uma frigideira que tem bafo quente. O suor é meu. O sol brilha tanto que ninguém se atreve a olhar para fora. Amolecimento interior. Não estou mais em outubro, quanto menos em maio. Não é em janeiro que me distraio. O ventilador sopra um bafo quente e com ele as pessoas na noite de janelas abertas repetirão: -nossa fez calor hoje.
A estupidez de um absurdo e a afronta para com as palavras. Os flamboyants perdem suas pequenas flores vermelhas xexelentinhas. Um anti-outono de verde que assusta.
Não quero isso. Mas tenho que agüentar. E a noite demora para chegar. A tarde se escorrega, para voltar mais cedo no dia seguinte. O dia mais longo do ano está perto e com ele todas essas coisas triviais que falei. Porque não ligo mais para o papo de clichê. Porque assassinaram a minha rebeldia. Porque me mostraram que a subjetividade é que nem um vício. Teus chocolates, teus chocolates pulverizados mandam lembrança e vão para o meio do ano. Fondue de pessoas derretidas com licor de cuspe no asfalto quente da rua. Tristeza estalada e um despertar matinal já ensolarado.
Direi: BEM VINDO VERÃO
E sei que te amo e te odeio. Mas no fundo mesmo eu te amo, e também te odeio. Quando você cinicamente torrar os corpos besuntados na praia, derreterá todos os gizes de cera expostos ao sol. Fritarás ovos no asfalto. Lotarás ônibus para a região oceânica e para a zona sul.
Vai ser na praia da barra verão. O calor vai te matar. Verão.
Vocês que se dignaram a ler isso, mandem mensagens telepáticas a esse verão criminoso, nem um pouco comedido, nem muito comedido. Seu lirismo é uma farsa. Passar janeiro esperando julho. Isso não é real. Happy new year. O natal aqui nada tem de frio. É algo desconfortável ver os papais noéis derretendo na rua. Culpa do verão.
E vem chegando o verão
Com calor no coração
Não demora muito agora
Todas de bundinhas de fora
A música até que é bonita.
Felie Dylon embaixador do verão pop teen carioca, traz o sol particular... MENTIRA!!!!
CALÚNIA!
Uma grande repartição pública, um grande escritório ardendo em chamas invisíveis, com o ventilador psicológico. Nisso que vira esse canto do mundo.
Está aberta a temporada de sofrimento e desespero
Até março temos muito o que conversar....

quarta-feira, novembro 02, 2005

Le spleen de Niterói

Le spleen de Niterói
(Na ausência permanente de leitores, escrevo ao meu mais cínico prazer. Masturbação literária, solitária e retardatária)

"Eu preciso encontrar um lugar legal pra mim dançar" (Jupiter Maçã)

A une heure du matin

A noite nem tão fria de Agosto
Bem que machuca meu rosto
Oferecendo essa frescura gratuita
Numa hora nem tão fortuita

Minha rima mesquinha e forçada
Saiu junto com meu lirismo indizível
E tua mão se uniu a minha, e nada
Nada do que disse foi compreensível

Rimos do lirismo, tu lá e eu cá
Num êxtase inventado, num gozo artificial
Que bem de longe soava muito banal

Tu nem tuberculose tiveste, nem tossiste
Lembro que tinhas rido e disseste:
Está calor! Vamos à praia? E eu falei:
"Tu esqueceste a rima em cima da mesa junto com o baudelaire. O que estás fazendo com meu romantismo cavernoso, negro e depressivo? ( Tu viraste o rosto e seguiste em frente.) A rua estava cheia dos domingos, das velhinhas, dos jovens com pouca roupa. Todos embaixo de um sol que a tudo invadia. As minhas negras noites nas tavernas européias derreteram com o churrasquinho da esquina de casa. Fomos voando e já na praia a minha poesia tomou uma grande vaca. Como a areia estava quente! Tu foste na frente, pensaste que estavas em teu país e tiraste a parte de cima do biquini. - Vou dizer-te a verdade: teus peitos bronzeados e o céu azul não trouxeram a atmosphera cinza, fria e nublada daquele lugar. E os seis brancos, pálidos e cor de leite? Quando vi (vi o quê?), o tédio, a poesia tinham tomado um caldo. Era duas da tarde e passava dos quarenta graus. A água salgada e gelada absurdamente azul me envolveu maliciosamente e disse: Maroto. Daqui tu não sais. E tu já despida estavas quando eu pensei que precisava terminar o verso. Cínica. Tu sumias sempre no teu Verão, de Maio a Outubro eu não te via. E por isso meu SPLEEN nascia nessa época. Nossos verões não coincidiam! Lembro-me que nem tão cedo o rapazola bonito viera te atormentar. Tu só tinhas a mim e vinha surfando num grande cartão-postal das estepes russas. -Il est un pays superbe, un pays de Cocagne. Disseste tu antes de eu voltar a realidade. Reparei que teus cabelos eram curtos mas nem tanto.
(prometemos dançar a polca mais tarde)

O galo não cantou mais
Não se ouvia mais o jazz
Não está calor
Não é verão

Sentado na mesa, eu anacronicamente acordei do sonho com a caneta na mão. Um cachorro latia ao longe. Passava das duas da manhã. Olhei para sua foto e tive ciúme de mim mesmo. Então, para disfarçar, escrevi no final do poema:

-Conquistei o verso branco e livre numa só pergunta infalível :
-Por que tudo isso?

(Gonzales Fernandes, primavera, 2003)

quarta-feira, outubro 12, 2005

A Solidão do Satã

"Para trás de mim, Satanás" (Alice)

Satã só tá tão só
Porque solitário no sotão
"Semem de monte quente
Somente mente Dante"

Dos círculos infernais sofre
A dor eterna, hibernais enxofre
Vós sem voz, você só vem. Vô sem
Para a leitura do loura suja

Alice mestiça atiça
-Alí,tocam-me na missa
Depravada, privada de Deus

Com fome, conforme nela meta
O desespero fálico do Capeta
Falhou. Falou. Leu: "A masturbação do Demo"

-...SPLASH!!!!!!!!!!!!
não mexe
(porra satânica borra o sotão)
QUE TRASH!!!

"No sotão soturno, Satã sente a solidão. Alice foi sua criação. Somente somem idéias. Figuram estampas depravadas. Ele vê Alice na revista pornô e consome o seu prazer sozinho. A verdade é que Alice no país das Maravilhas tem relação maliciosa com o CÃO!"

segunda-feira, setembro 12, 2005

Pourquoi?

Rita Lee foi embora
Desintegração Mutante
(booooooooooooommmm)

-universo em expansão

uni versos de montão

Versarei versátilmente

Agora e Sempre

-Amém