quarta-feira, novembro 02, 2005

Le spleen de Niterói

Le spleen de Niterói
(Na ausência permanente de leitores, escrevo ao meu mais cínico prazer. Masturbação literária, solitária e retardatária)

"Eu preciso encontrar um lugar legal pra mim dançar" (Jupiter Maçã)

A une heure du matin

A noite nem tão fria de Agosto
Bem que machuca meu rosto
Oferecendo essa frescura gratuita
Numa hora nem tão fortuita

Minha rima mesquinha e forçada
Saiu junto com meu lirismo indizível
E tua mão se uniu a minha, e nada
Nada do que disse foi compreensível

Rimos do lirismo, tu lá e eu cá
Num êxtase inventado, num gozo artificial
Que bem de longe soava muito banal

Tu nem tuberculose tiveste, nem tossiste
Lembro que tinhas rido e disseste:
Está calor! Vamos à praia? E eu falei:
"Tu esqueceste a rima em cima da mesa junto com o baudelaire. O que estás fazendo com meu romantismo cavernoso, negro e depressivo? ( Tu viraste o rosto e seguiste em frente.) A rua estava cheia dos domingos, das velhinhas, dos jovens com pouca roupa. Todos embaixo de um sol que a tudo invadia. As minhas negras noites nas tavernas européias derreteram com o churrasquinho da esquina de casa. Fomos voando e já na praia a minha poesia tomou uma grande vaca. Como a areia estava quente! Tu foste na frente, pensaste que estavas em teu país e tiraste a parte de cima do biquini. - Vou dizer-te a verdade: teus peitos bronzeados e o céu azul não trouxeram a atmosphera cinza, fria e nublada daquele lugar. E os seis brancos, pálidos e cor de leite? Quando vi (vi o quê?), o tédio, a poesia tinham tomado um caldo. Era duas da tarde e passava dos quarenta graus. A água salgada e gelada absurdamente azul me envolveu maliciosamente e disse: Maroto. Daqui tu não sais. E tu já despida estavas quando eu pensei que precisava terminar o verso. Cínica. Tu sumias sempre no teu Verão, de Maio a Outubro eu não te via. E por isso meu SPLEEN nascia nessa época. Nossos verões não coincidiam! Lembro-me que nem tão cedo o rapazola bonito viera te atormentar. Tu só tinhas a mim e vinha surfando num grande cartão-postal das estepes russas. -Il est un pays superbe, un pays de Cocagne. Disseste tu antes de eu voltar a realidade. Reparei que teus cabelos eram curtos mas nem tanto.
(prometemos dançar a polca mais tarde)

O galo não cantou mais
Não se ouvia mais o jazz
Não está calor
Não é verão

Sentado na mesa, eu anacronicamente acordei do sonho com a caneta na mão. Um cachorro latia ao longe. Passava das duas da manhã. Olhei para sua foto e tive ciúme de mim mesmo. Então, para disfarçar, escrevi no final do poema:

-Conquistei o verso branco e livre numa só pergunta infalível :
-Por que tudo isso?

(Gonzales Fernandes, primavera, 2003)

13 comentários:

Anônimo disse...

...

bruno reis disse...

cara... vc é promissor, muito original e criativo, misturar tantos gêneros e estilos num só. parece uma colagem concisa de influências, muito bom.

como vc mesmo diz, um texto pra se ler mais de uma vez!

Anônimo disse...

Hey man! Great blog! It is a masterpiece of art!

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hehehhe

Love Bubu

Platero disse...

Boa noite Henrique, obrigado pela visita, volta sempre!

O lugar do Pôr do Sol, é a Picanceira (Mafra) no último fim de semana.

Um abraço

PS: se não quiseres SPAM nos comentários liga a word verification nos settings.

Platero disse...

Mafra fica a 40 Kms de Lisboa, perto da Ericeira, de onde partiu a familia real em 1910 para o exilio depois da implantação da República.

Um abraço

Anônimo disse...
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