sábado, janeiro 30, 2010

Track 1

Trio Los Panchos - Cantando Nosotros - E o que eu chamo de minha dor eu cuido no aquário da descência.

O tempo eu invento para mim.

Mas ainda tem muita frase no meu caminho.

Muita roupa que finjo vestir para enganar você.


Entre nós,

o mundo.

segunda-feira, janeiro 18, 2010

O Narrador

O narrador atende pelo nome desconhecido. Figura grave, taciturna, não mede palavras. Sorrisos prenunciam histórias inesquecíveis. Vontades no olhar denunciam verdade de vida mais grave que todas.

Levando em conta as últimas observações venho por meio desta dizer que o sol brilha mais bonito com literatura sincera. Vontade de discorrer em mesa de bar, em ouvido alheio sobre a figura da felicidade, a figura amada, o momento mágico.

Viver pela milésima vez sentimento que pede sinceridade. Escrever um livro, escrever poesia, escrever um suspiro.

A nossa personagem. A nossa personagem vive apaixonada. Alterna apaixonamentos com momentos de razão comportada. Afoita. Procura. Vai em busca.

A busca definida. A busca indefinida. Elementos que o narrador chafurda na lama das lamúrias dos pesares de tantas e tantas e tantas palavras.

Eu te amo no meu milênio.

Considerações acerca de sua camiseta preta. A sua camiseta preta é o máximo, é o quente, é o estouro, é tudo, é bafo. A figura que passa. Quando você passa na minha frente e não me vê eu finjo olhos que não existem e vou te seguindo assim passando atestado de besta passando atestado de experimentador, de anjo mais que exterminador, experimentador de vontade de cair no mesmo erro, de morder na mesma afta de morder na mesma dor.

Poeta se ressente pela metáfora mal feita. Num mundo de emissão e recepção quem tem metáfora tem pressa.

Tudo mentira! Tudo mentira a farsa da literatura. Ela escreve a dor diária, do absurdo, do acordar do sem sentido. Pedidos sinceros pela volta do universo o que eu faço com a minha dor que não cabe em mim, em meu saco em minha vontade de vida vontade de falar com o Bernardo Soares e perguntar a ele o que ele faria se eu chegasse assim no seu escritório e por trás te admirasse por longos dois minutos a rotina no seu mais vivo tédio no seu tédio mais nu

o tempo passa.

Pois é, antes de mim, aquele, aquele que nunca emigrou para aquele outro lado.

As pessoas gostam de plagiar seu sorriso (volta o narrador em posição de mesa de bar e cigarros blacks, pretos, dignos, clean) eu, quando pego alguém plagiando seu sorriso, fico assim com o coração aos pulos de alegria triste, alegria vazia o passado é pequeno demais para se viver.

Poeta confessa verdade que mãe Diná escondia:

ou a sua felicidade de volta em três dias ou um fio de cabelo no seu palitó ou a vez em que eu corri demais ou da vez em que o verbo no passado não me deixava triste e o presente era tão grande e tão bonito que parecia assim, casa desconhecida, onde a felicidade fazia parte da decoração.

Decoração do texto. Narrador com vícios fortes. Explorá-los. Função da crítica : chorar dor alheia, tecer considerações, confirmar felicidades, homenagens

Roubar beijos. Beijos roubados, declarações de amor roubadas
cheques sem fundo cheques sem noção do valor de um milhão do valor de te amo do fundo do meu coração

Narrador se censura calando alto com cachaça que coração tem fundo

terça-feira, janeiro 05, 2010

Requiem

Minha neguinha



Eu não pedi para você ir embora. De maneira nenhuma. Minha dor é coisa que vou guardar aqui comigo quando eu lembrar do teu sorriso. É que eu tava tão apressado, tão egoísta nas minhas coisas que não vi assim o adeus do teu sorriso e a sua maneira delicada de existir quando você ontem veio ter comigo. Assim tão viva.



E esse texto é mero subterfúgio estúpido, tentativa vã de sarar assim aquilo que parece ficar doendo para sempre. Cantar para você eu queria, ou mostrar assim que daquela vez em que te tive perto de mim foi pra mostrar assim o carinho que sempre existiu mas ultimamente pouco falou.



Mas eu chamo a nossa condição de perversa pois não entendo realmente o porquê disso tudo que ocorre, pois não entendo o motivo disso tudo qual criança insensata que penso verdadeiramente ser.



É que eu fui te velar assim timidamente. Assim cinicamente embaixo do sol do verão parei para olhar o que já não existe, parei para enxugar o que ainda existia de ti. Parei para limpar assim pela casa o que ainda havia de mais puro, o que ainda havia de mais belo e parece escapar das nossas mãos.



Enxugando o pano então eu me dei conta de que você se ia, de que você já não mais estava, de que eu não tive tempo de te dizer adeus, de que já não me restava nada e de que nada que eu fizesse iria me trazer você de volta.



Minha humanidade mesquinha

não vale nada



nem seu sorriso

nem seu olhar

nem sua vida



tão frágil.



te amo.