sábado, maio 23, 2009

Movimento Das Barcas

como resolução íntima
escolhi sim
inaugurar aqui a barca

e desenhar a despedida do meu
amor
na canção da minha volta

assim na barca
esperando um outro lado
sem terceiras margens
pra sentar e te escrever postais

uma vez eu batizei julhos
de olhares mareados
ao te ver assim pela última vez
com o coração na mão

ao te ver assim
os fragmentos da minha última
fala
pouco disseram

e eu fui assim
fui assim na música enquanto corria a barca
enquanto corria a lágrima

eu ia te chamar

e ainda vou.

(Niterói - Buenos Aires, 2008/2009)

sábado, maio 16, 2009

relato.

querido

não tenho muito assim pra te dizer nem pra te contar mas tenho um tantão assim pra te escrever nem que isso valha já por dizer já por contar. É que hoje fez outono assim de grande e talvez um pouco doído. Voce me tinha dito sobre aquilo de tristeza alegre, do triste e bonito, ou uma coisa assim. Pois é, foi assim justamente hoje. E bote lá um pouquinho de música, bote lá a sinceridade exageradamente sincera e vais ver o que eu estou a te escrever.
Tenho andado com alguns portugueses, gentes finíssimas, que as vezes me fazem escrever e falar assim, da forma em que eles falam.
Eu, que sou um legítimo menino do Rio, nascido e criado nas ruas de Maria da Graça, sim, sendo eu brasileiro do Rio esse papo de frio o dia inteiro com sol não me convence muito não. Ainda mais aquele negocinho de folha caindo no chão, e vento vento cortando. Tudo parece filme irreal, tudo parece momento congelado. Pois enquanto assistia a um espetáculo de música dei pra pensar nisso. Como tudo isso se pode fazer escrita e música.
Dei pra lembrar de ti por mais que não possa por mais que não queira. Mas lembrei e lembrei assim naturalmente e inocentemente. Sabe por quê? As vezes tenho receio de dizer é como se perdesse a graça de tudo isso. Mas só porque de onde eu escrevo agora vem uma bossinha eu me atreverei a te contar a frase que uma amiga das Franças me escreveu um dia. Dizia ela, "rever toute la vie" que quer dizer na nossa língua sonhar toda a vida. (a música que escuto é água de beber...) pois então, ela me disse essa frase e pouco sabia ela o peso que tal frase teria para os meus futuros momentos e para esse presente de hoje.
Mas tava assim de triste o dia e a melancolia me percorria o corpo, melancolia daquelas que de tão grande dão espaço para uma certa alegria meio rala meio desanimada. É nesses momentos que eu fico assim com vontade de fotografar tudo pelos olhos e com a caneta que não tinha na mão.
Dei pra te discorrer aqui adoidado. Já tenho o meu discurso assim bem desenvolvido e contar para uma amiga ou um amigo num ambiente de mais intimidade para mim é bastante sadio, me deixa assim de feliz, me faz sentir um pouco eu. Mas te roço tanto com a língua que tenho medo assim de te folclorizar e de te transformar num mito daqueles. Por isso te ligo, te ligo e procuro assim te perguntar e te conversar todas as mais lindas banalidades.
É o outono chegou. E eu, que te escrevo de terras argentas, não tenho muito pra te dizer. A maioria das árvores já perderam as folhas... Isso foi um espetáculo lá para abril, que foi lindo pra cacete. Quis tirar foto mas não podia.
Tenho ouvido vários discos.
Conhecido pouca gente.
E tenho lido as mais descompromissadas literaturas. A última que eu li dizia de uma garotinha pulando assim com o seu casaquinho de inverno a pracinha do lado da minha casa. Era tanta leveza que quase dei pra chorar.
Tive um sonho, muito lindo. O sonho tinha como cenário a língua portuguesa e as palavras eram imagens assim de grandes.
Pobre da escrita, essa que torna tudo onírico e embaçado.
Agora ouço o Jair cantando aquela música de lata d'água na cabeça, lá vai Maria. Ai... essa minha dor que nem de verdade nem pessoana nem de henrique é.

A gente se fala.
Saudades grandes.
Beijos.

sexta-feira, maio 08, 2009

Pertinho da Santa Cecília

Escrever!?!?! Eu não. Meu negócio é sair fazendo negação pra depois sair catando o que sobrou.
Meu negócio é sair fazendo idealização pra depois ir esquecendo quem eu sou.

Eu sou uma mulher sincera. E razão me é jóia rara que tenho assim as pampas.

E, como fina dama que sou, saio desfilando assim no sapatinho minha fineza, armando armadilhas para os olhares desprevenidos lá pertinho da Santa Cecília.

Lá pertinho da Santa Cecília chegando já embaixo daquelas grandes palmeiras perto da Igreja que perdeu a torre eu me humanizo, me escondo e me travisto num olharzinho de um rapaz que intercala uma boa conversa com mijadas sorrateiras e inconvenientes.

É assim que eu reavivo as chamas e faço das cinzas a minha memória de você acariciando a branquinha que tinhas na mesa, assim tão você, apaixonadamente você, seu olhar me tragando e eu explodindo de desejo e de amor

De amor, sim! Mais que universal, aquele que me faz costurar essa cidade e amar cada paralelepìpedo dela.
E também matizar a minha fala um pouco monótona e o meu esnobismo inconsequente.

Perdoai texto ele não sabe o que faz. E eu quero fazer cosquinha assim na leitura dos teus olhos e R-E-G-O-Z-I-J-A-R-M-E com a sua pupila se mexendo e teu olho piscando como se mirasse a mim, esse é o meu troféu, como se mirasse a mim, assim com a nudez ao lado do teu eterno abajour lilás

Por onde anda aquele abajour?

A gente tem que marcar outro dia pra inaugurar outra Gomorrazinha assim, só não se esqueça de trazer culpa e pecado que assim é muito mais gostoso, imagine só, você sabe que a gente se acaba na autoflagelação e não tem coisa mais deliciosa que isso, quanto maior o prazer mais saborosa a culpa, um aumentando a outra.

Aí está o lance, temos que inventar a culpa, ou melhor, ressuscitá-la, pois o tio barbudo disse que a gente passou pra época da farsa e eu acho que não, eu acho que a culpa que eu ressuscito é sincera, sincera demais e não é farsa alguma.

É o contrário de uma serpente comendo o próprio rabo. Pense nisso. Comer o próprio rabo assim como que ao invés de sumir, o sujeito fosse aparecendo mais e mais.

Olhai a dialética, caro amigo.

Pois hoje eu estou cansado de chorar nas barcas que rumam para aquele triste negro trópico do cais e do lamento choroso barcas s a.

Pois hoje estou assim, olhando o movimento das barcas, num feminino muito mais belo, sem lágrima alguma pra chorar madalenamente não arrependida pelo que fiz.

Já chorei dez baías de Guanabara hoje e nenhuma, nenhuminha delas é de crocodilo.
É de mim, de mim mesma.

E não tenho dito, pois se dito tivesse eu não seria eu aqui se escrevendo
Assim mais ou menos assim.

domingo, maio 03, 2009

de ahí que proviene quizas la idea de una escrita ya escrita hace mucho tiempo
de ahí que proviene quizas los mismos gritos de un castellano muchas veces violentados por otra lengua
que abajo de todo hace gritar otros gritos que por ahí están

En el subte había un hombre que estaba huyendo con el corazon en la mano. Todo se llenaba de una ternura tan grande y de un amor que tenía el tamaño del mundo.

El tipo bajó las escaleras minutos antes, apurado, apuradísimo, huyendo también por tanto amor.

Recuerdos son recueros y nada más. Pero nunca más voy a conjugarlos de esta forma.

Tenés todavía en tu cama lo que un día encontraste?

Yo estoy allá.

En la salida, siempre en la salida, estaré mejillas así de rojas, calientes y todo eso, con unas ganas así de grandes de querer estar a tu lado o al menos saber novedades tuyas.

El Roberto está a mi lado en su como vai voce eu preciso saber da sua vida y yo seguiré mi camino así así de grande esperandote así encontrarte porque te quiero cocinar algo que todavía no conocés.

Nos vemos, che,
besoso!

sábado, maio 02, 2009

fragment

Pudera eu fotografar cada canto, cada praça cada tristeza cada árvore que de pouquinho a pouquinho vai tirando a roupa assim num ritmo cadenciado.

Mas é que dói muito esse primeiro outono que dá vontade de sair correndo correndo correndo até outro lugar ou entao dividir, ou entao a gente abrir na mesa o mapa desse outono e comer junto, eu e voce, fazendo plano e roçando pernas

roçando pernas assim num beira mar que talvez nao existe, sem apartamento, sem qualquer coisa a gente produz o nosso calor, pois eu sou seu namorado pois eu te amo pois eu te quero aqui ao meu lado pois eu sou eu

pois voce me tinha dito que de nada valiam as palavras quando confrontadas com atos e eu sou puro ato pra voce sou uma pressa imensa de ser ao teu lado

minha amiga me falou em suspensao estar em suspenso etc e tal mas o que fazer quando o frio vem forte junto com lágrimas assim?

a gente transforma tudo isso e recria assim mais real que aquela cópia imperfeita daquele metro de coraçao apertado das escadas apressadas de tanto tanto amor e da mensagem que voce tinha me oferecido assim papel humilde eu fiquei muito tocado sabia?

e o matadouro da loucura é algo que inventam os outros.... eles que vao escavando inventando moldes a mil...

eu agora sou um monge e estou aqui de longe a espreita de tudo

a gente se vê.