sábado, maio 16, 2009

relato.

querido

não tenho muito assim pra te dizer nem pra te contar mas tenho um tantão assim pra te escrever nem que isso valha já por dizer já por contar. É que hoje fez outono assim de grande e talvez um pouco doído. Voce me tinha dito sobre aquilo de tristeza alegre, do triste e bonito, ou uma coisa assim. Pois é, foi assim justamente hoje. E bote lá um pouquinho de música, bote lá a sinceridade exageradamente sincera e vais ver o que eu estou a te escrever.
Tenho andado com alguns portugueses, gentes finíssimas, que as vezes me fazem escrever e falar assim, da forma em que eles falam.
Eu, que sou um legítimo menino do Rio, nascido e criado nas ruas de Maria da Graça, sim, sendo eu brasileiro do Rio esse papo de frio o dia inteiro com sol não me convence muito não. Ainda mais aquele negocinho de folha caindo no chão, e vento vento cortando. Tudo parece filme irreal, tudo parece momento congelado. Pois enquanto assistia a um espetáculo de música dei pra pensar nisso. Como tudo isso se pode fazer escrita e música.
Dei pra lembrar de ti por mais que não possa por mais que não queira. Mas lembrei e lembrei assim naturalmente e inocentemente. Sabe por quê? As vezes tenho receio de dizer é como se perdesse a graça de tudo isso. Mas só porque de onde eu escrevo agora vem uma bossinha eu me atreverei a te contar a frase que uma amiga das Franças me escreveu um dia. Dizia ela, "rever toute la vie" que quer dizer na nossa língua sonhar toda a vida. (a música que escuto é água de beber...) pois então, ela me disse essa frase e pouco sabia ela o peso que tal frase teria para os meus futuros momentos e para esse presente de hoje.
Mas tava assim de triste o dia e a melancolia me percorria o corpo, melancolia daquelas que de tão grande dão espaço para uma certa alegria meio rala meio desanimada. É nesses momentos que eu fico assim com vontade de fotografar tudo pelos olhos e com a caneta que não tinha na mão.
Dei pra te discorrer aqui adoidado. Já tenho o meu discurso assim bem desenvolvido e contar para uma amiga ou um amigo num ambiente de mais intimidade para mim é bastante sadio, me deixa assim de feliz, me faz sentir um pouco eu. Mas te roço tanto com a língua que tenho medo assim de te folclorizar e de te transformar num mito daqueles. Por isso te ligo, te ligo e procuro assim te perguntar e te conversar todas as mais lindas banalidades.
É o outono chegou. E eu, que te escrevo de terras argentas, não tenho muito pra te dizer. A maioria das árvores já perderam as folhas... Isso foi um espetáculo lá para abril, que foi lindo pra cacete. Quis tirar foto mas não podia.
Tenho ouvido vários discos.
Conhecido pouca gente.
E tenho lido as mais descompromissadas literaturas. A última que eu li dizia de uma garotinha pulando assim com o seu casaquinho de inverno a pracinha do lado da minha casa. Era tanta leveza que quase dei pra chorar.
Tive um sonho, muito lindo. O sonho tinha como cenário a língua portuguesa e as palavras eram imagens assim de grandes.
Pobre da escrita, essa que torna tudo onírico e embaçado.
Agora ouço o Jair cantando aquela música de lata d'água na cabeça, lá vai Maria. Ai... essa minha dor que nem de verdade nem pessoana nem de henrique é.

A gente se fala.
Saudades grandes.
Beijos.

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