segunda-feira, junho 02, 2008

José Carlo - O Retorno

José Carlo esteve surpreso com a resposta que recebeu. Não era a toa que lera Lorca com uma mistura de arrepio e indiferença. Ele pressentia ali algo muito forte que não conseguia exprimir. Algo tão forte que dizia respeito ao que ele cantaria naquele início de milênio quando se atreveu a descer de bicicleta a serra da Mantiqueira. Fora lá, lá num canto qualquer daquela serra, descansando na sombra de uma árvore que os primeiros versos daquele poeta o feriram de maneira jamais vista.

As realidades que se configuraram ao seu redor, a sua desorientação, a sua obstinada busca de sentido na metrópole junto ao mar fizeram com que José Carlo passasse para uma escrita mais hermética, questionadora e rara. Rara porque são poucos os poemas que encontramos ou que ele mesmo nos oferta.

Experimentei um lapso de genialidade ao avaliar a relação que a leitura da obra completa de Lorca teve com a vida de José Carlo. E pouco tempo tive para comprovar tal hipótese ao ver sorrindo pra mim um email do próprio José Carlo


Poema novo em folha e em tela de computador, recebido na minha caixa de emails no dia 02 de Junho de 2008 exatamente as 15:54 de uma tarde fria:

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O RETORNO


LORCA
CALOR
CARLO
CARLO
CALO
LOCA
CAROLA

POEMA PROCESSO POEMA PRÁXIS POEMA CONCRETO LEGÍTIMO POEMA ABSTRATO LEGÍTIMO TEMPO DE GUERRA LEGÍTIMO TEMPO SEM SOL LEGÍTIMA GUERRA COM SOL LEGÍTIMO AMOR DESVALIDO

NA TUA CASA QUEIMAM TOMILHO NA TUA CASA QUEIMAM TOMATES NA TUA CASA QUEIMAM DESGRAÇA LEGÍTIMO POEMA QUE INSISTO EM COMER NUMA ÉPOCA DOMESTICADA.

Época Domesticada : Citação Erudita : "Em terra de anos 2000 quem tem anos 60 é maluco"


2002’s agito da rapaziada no cais do porto todos sabem que a nossa realidade é outra todos sabem todos sabem mas todos não dizem

plano de assalto: tomar de vontade o avião para Nova Iorque e declamar toda a obra de Lorca para a traidora que Elektrificou a minha bossa Nova Gilbertiana, a Bebel, que me negou ajuda e me bebeu o lirismo que pensava ofertar.

Descolarei a Glória do Asfalto e na sua Igreja farei um auto-de-fé onde renderei glórias a vontade de vida que levava ao Calor de Carlos que pra longe fora

Legítimo poema de merda termina com acento no cú

LORCA
CALOR
CARLO
CALO
LOCA
CAROLA
CARLOS
SSSSSSSS
SSSSSSSS
$$$$$$$$$
$$$$$$$$$
TE COMO POR R$1.773,00

Granada, Sevilha, Madrid, Córdoba, Barcelona vocês cinco quietas fiquem e esperem o retorno de Jedi.

Il est mort, il est mort, il est mort, il est mort, il est mort

Mas Doce Pão de Açucar cozinhe com água de coco minha paixão Bossa Suja.

Água de esgoto, água de esgoto, água de esgoto a minha poesia mangalou três milagres na marginalidade consentida no desfalecimento da linguagem

Percepção Poética, early 2000’s: açaí, açaí, açaí, sou um açaí e sou bebido pela boca dos rapazes aflitos que nasceram das chocadeiras da Av. Nossa Senhora de Copacabana e da Barata Ribeiro.

Carlos, estimado señor, tema o tempo que me come pelo rabo antes de me ligar com um atraso de uma semana.

Nova Jersey, Nova Jersey, é verdade que você tem contactos fortes e pode me trazer o meu coração numa embalagem de coca?

LORCA
LOCA
CARLO
CARLOS
CALO
CALOR
CARLITO
CALORITO
CALHARO
CARALHO
RALHO
RALHO

POEMA CONCRETO NÃO DÁ CERTO COMIGO POEMA CONCRETO É FALÁCIA QUE SE QUEBRA QUE SE ABRE TODO AO MEU ROMANTISMO DOLORESDURANIANO

DOLORES DURAN DOLORES DURARÃO ATÉ O AMANHECER DE OUTRA VIDA

Mas tuas doces dores doirarão o céu com e com literatura e com muita literatura que escorre da tua boca onde seu corpo jovem descansa e me escorre poemas velhos e novos onde em teus lábios adivinho sonetos raríssimos e esplendores Bilakianos

Eu, poeta, desdigo
Eu, pueta, confesso
Eu poeta, no fosso
Eu pueta admito:

Amo. E morto amo. E vivo amo. Deus. Deus!?!? dEUS é raridade melancólica

ATO EM REBELDIA EXPLÍCITA. AS POESIAS TÊM O DIA CONTADO. NÃO SE FAZ MAIS NADA COMO ANTIGAMENTE. O MUNDO DEU TILTE E A PÓS-MODERNIDADE QUE LEVO ENTALADA NA GARGANTA NADA MAIS É DO QUE A ANGÚSTIA VELHA QUE SEMPRE EXISTIU.

Uncut cock.

Nos tempos de Abraão - Flashes e Tomadas do Patriarca andando pelo deserto.

Povo eleito.

Eleição de bairro:

"Eu, quando eleito, acabarei com a Pederastia reinante. E subirei com o Povo de Deus os degraus do paraíso"

O Candidato que mais respeita a religião o candidato que mais preza a religião o candidato que mais valoriza a religião o candidato que mais ama a religião o candidato mais devoto o candidato que é enviado por Deus, o candidato que substituirá o mandato de 2000 anos de Jesus, o candidato antenado ao processo de Aquarização, de acumulação capitalista diversas vezes anunciou que sua mudança será lenta e gradual e que a continuidade é a sua palavra de ordem.

(Jornal de Icaraí, 23 a 30 de Fevereiro de 2033)

A. C. - Carolina ; Ana - conozco tu poema pero...

Angústia tropical. Sarro aproveitado
Paixão heterossexual
Bicos de seios arrebitados
Duros qual pedregulhos
Pitombas em minha boca
Bunda avantajada


Nova Friburgo Jam Session - "Vinho, vinho e mais vinho"


Cabana em Piraquara
Vinho, vinho e mais vinho
Gordura de galinha congelada pelo Frio
Vinho, vinho e mais vinho
Curitiba em vinte minutos
Vinho, vinho e mais vinho
Bagos enrijecidos
Vinho, vinho e mais vinho
Difícil divisar corpo e mente
Vinho, vinho e mais vinho

VINHO POR MEIO DESTA PROCLAMAR O RETORNO DAQUELE QUE DISSE QUE NÃO MAIS VOLTARIA

VINHO POR MEIO DESTA SOLTAR FOGOS DE ALEGRIA

AO TE SABER PERTO

AO TE SABER PASSANDO PELA AMÉRICA CENTRAL

AO TE SABER NA CHAPADA

AO TE SABER que estou morrendo de saudade este samba é só de nota falsa que imprimi pra pagar a passagem até o Galeão.

Ãoãoãoãoãoão – Tom Jobim – Tom Jebãoãoãoãoãoãoãoãoão

inhoinhoinhoinhoinho, sai do meu Cayminho

Say do Meu Caminho que eu Tô Passando com meu moreno
Say da minha estrada que eu to levando tominho
say da minha frente abre a alas que eu quero passar despejando pétalas de rosa na linha vermelha onde desenhas meu coração de cristo

Sai da minha frente e chamem os Juízes de Fora e de Dentro e de Dentro e de Fora para oficializarem nossa união civil em Montévideu - La Barca - rumbo aos bons ares que me faltaram durante esse tempo em que ele esteve ausente

Sai da minha linha que a minha lua de mel derreterá no céu da Mantiqueira o meu pacto primordial travado com aquela senhora escura que me prometera o meu amor em três dias

Sai, sai, sai, sai
sai, sai, que o terminal um é mais longe
e eu apressarei as pernas para ver aquele que me traz a primavera novinha em folha
importada com megapixels das cores que não conheço


DODECAFONISMO:

EU TE AMO E ISSO É UMA MERDA



(José Carlo, 25 de Maio de 2008)