domingo, dezembro 27, 2015

canícula

A canícula, os dias de cão, dog days, a lua atiçando a cachorrada no caminhar perdido pela cidade operando em 2D olfatos e sentidos tentando ver com um olho só. Não sei da estrela que brilha forte no céu anunciando os tempos de calorão na varanda em noite quente.  Esquente o que esquentar a chapa no templo interior o barulho de água de fonte cascata descendo dizendo calmamente como quem tricota e num sorriso leva uma vida inteira. Esquente o que esquentar no templo interior não tem ar condicionado tem ventilador e circulador, bambu, terra batida e coentro. Terra batida que não é lama seca. 

domingo, dezembro 13, 2015

casa




Dos tantos textos que Armanda te escrevi este talvez seja o mais difícil, isso posto porque a fragmentação do disco se fez com o seu apartamento que você mobiliava no plano astral e a sua vontade de casamento de juntar os trapinhos se reduziu a sua mesa, o seu ventilador, os seus livros e todo um universo a ser desvendado.

Quando adivinhava a sua presença no sono ou quando virava a maçaneta da porta e te imaginava em casa eu era um tolo mesmo e gostava de repetir.

Ainda conservo comigo a samambaia que depressa se amarelou antecipando o outono em pleno dezembro o tempo dos flamboyants e suas folhinhas e o papo da rede que a gente ia construir juntos.


Nunca voltamos de Ponta Negra tampouco fizemos aquela viagem juntos. 

C'est la vie.