segunda-feira, fevereiro 19, 2007

tudo

Confesso que senti
confesso então que tudo era feito de mentira e desejo
vejo a loucura na minha frente a enganar todos os sentidos
icentivando o ato insano do desejo e da paixão
não percebendo o que vai acontecer quando o tempo passar
tocarei a consciência e desafinarei do meu violão
prestando atenção para todos os acordes dissonantes
que distoam da minha ética
ética
ética
ética
e quem disse que a ética seria para sempre a te guiar
todos os teus atos de rapaz direito comportado meiguinho
então, meu amor, os acordes da guitarra se sucedem cantando a história de um amor feito de desespero, temporal e lágrimas
meu amor que não presta atenção ao valor
de quando você dorme. da noite.
do mistério da pseudo-iluminação da noite que vai se tornar dia
do exato momento mais frio. da saliva mais pura.

do coração culpado
a história de teus erros enumerados de um até trinta e sete
do teu futuro passado que se faria de roupas pesadas e pouco dinheiro
de caminhadas longas até a estação de metrô no frio de fevereiro
da tua ânsia de voltar para casa em pleno agosto
e sentir o inverso de teu verão estrangeiro
e ver quantos por ti esperavam
nem lá nem cá
mas sim dentro de ti.

Vais continuar fingindo? Vais?
Advogue para todos a tua mais invulgar verdade
que é a confissão da loucura planejada e racional
tome de assalto o mundo que pensas ser teu
escrevas as palavras que pensas fazer sentido
traduza em palavras cada aperto no coração
cada frio no estômago
cada alegria momentânea
cada felicidade descarada que cada vez mais tem que ser disfarçada
não pode ser sentida
Se eu tenho que ir
(farei através de cornetas e baterias num ritmo compassado)
promoverei o maior dos festivais
Se eu tenho que ir
Irei pensando no seu amor
E no quanto representei
Mas tudo foi uma mentira baseada numa verdade
Tentei a morte
Em janeiros perdidos tentei a morte
Estrangeiro naquela terra tentei o lago quase congelado
quase morno por conta do clima louco
meu sangue estancou
estancou
estancou e não vi nada.
só pessoas de branco falando aquela língua estranha e sem vida
Eu poderia dizer que a vida fora uma violência desde o início.
Ando. Ando em um dia qualquer de junho por minha terra. Apressado, enfiado em meu casaco caminho fugindo da vida. Fujo de tudo o que tem vida e evito dizer eu te amo pois não amo, evito dizer sinto muito pois não sinto. Todos os garotos não passavam da mesma pessoa. Se um dia pensei ser sensato essa sensatez se fez com meus vinte e dois anos. De mãos dormentes. Mãos. E então vi-me com vinte anos e com minha capacidade de dramatizar proto-emoções. Como uma criança pode se apaixonar perdidamente? -Mas não é possível. Era então a infância a idade mais dourada, mais iluminada. Construí sorrisos perfeitos aos cinqüenta e sete anos. Homem de idade. Sentado em meu sobrado sem qualquer amor para apoiar a cabeça. Na compania de cheiro de mofo e livros amarelados nunca lidos.

Vivo os meus sonhos hoje
Vivo os meus sonhos ontem
Vivo os meus sonhos amanhã

Não será assim Assim nunca será. da miséria e da estupidez do meu tempo
da apatia geral de todos
que não se mexem e não gritam
e jogam o braço para o alto para gritar em coro
um grito único feito de instinto
e assim seria.

o que tenho a dizer?
confesso que traí sentimentos e emoções
olhei para fora e vi mais a solidão
afundando num eterno adeus
daqueles que apesar de dados não vêem a separação
precisarei de três juízos finais para entender
o que não entendo agora.