sábado, março 11, 2017

O tempo do amor

Vivendo perigosamente, eu achava que a gente não se acostumava mas a gente se acostuma. E não adianta disfarçar em poema o que você quer em prosa sem backspace.

Quando eu te vi pela primeira vez algo no seu sorriso me desconcertou, me incomodou e talvez com a doçura milimétrica das horas

me apaixonou

foram os segundos que te tive tão perto que transformaram esse tempo todo num agora

garrafa lançada ao mar, poesia rabiscada no papel, vontade de escrever o que pesa o lado esquerdo do peito

****                        
A INCLINAÇÃO DO SOL NESTA ALTURA DO ANO ILUMINA ÁREAS ANTES ESCURAS E SOMBRIAS DO REINO DAS MANHÃS

****

onde vive um terrível ídolo que após receber os primeiros raios de sol traz consigo uma bolsa grande em que esconde as horas e os dias e numa pequena oferece esmolas de segundos

a promessa do seu toque
ou mensagens visualizadas, pressentidas e telepáticas que descem do meu cakra cardíaco ao baixo ventre.

Gatilhos emocionais
Roletas russa
Sazão




quinta-feira, março 02, 2017

De superfícies

Juntos os planos de outrora
ou nessa sombra o brilho que já se foi
ou quando você não disse

mesmo não custando caro
mesmo de graça

quem brinca com as palavras tem que saber que mesmo passarinhos pequenininhos podem causar furacões

que ainda assim dá pra guardar dentro da gente os vôos
cujos ventos percorrem o estômago e apressados fazem as portas baterem com a violência

dos signos mutáveis que nos dão provas da possibilidade de uma nova estação

como daquela vez em que pedalando pressenti um outro verão

alhures

em que você era distância
e a sua ausência se calava e desbotava bem devagarinho

a medida em que atravessava os pampas e as estepes russas levando comigo as palavras que fui queimando, terra arrasada entrando cada vez mais oriente a dentro

cadeira

poeira

cereja


e o amuleto do brilho do nunca mais