quinta-feira, março 02, 2017

De superfícies

Juntos os planos de outrora
ou nessa sombra o brilho que já se foi
ou quando você não disse

mesmo não custando caro
mesmo de graça

quem brinca com as palavras tem que saber que mesmo passarinhos pequenininhos podem causar furacões

que ainda assim dá pra guardar dentro da gente os vôos
cujos ventos percorrem o estômago e apressados fazem as portas baterem com a violência

dos signos mutáveis que nos dão provas da possibilidade de uma nova estação

como daquela vez em que pedalando pressenti um outro verão

alhures

em que você era distância
e a sua ausência se calava e desbotava bem devagarinho

a medida em que atravessava os pampas e as estepes russas levando comigo as palavras que fui queimando, terra arrasada entrando cada vez mais oriente a dentro

cadeira

poeira

cereja


e o amuleto do brilho do nunca mais



2 comentários:

Isadora P. disse...

Ô minha deusa do céu, que coisa mais linda esse poema, Ricksy!

Orgulho desse menino trintão! <3

Te amo! <3

Ana Beatriz Domingues disse...

que lindo, mig!

peregrino-coração