domingo, novembro 29, 2009

Vez em quando

Vez em quando brinco de apaixonado

Me sento na beira do caminho ouço músicas lindas e românticas e me perco no tempo.

Não abstraio, não faço teorias nem me analiso.
Deixo queimar, deixo o caminho chegar até o fim.


Renego e não confesso
mas é isso o que move tudo.

terça-feira, novembro 24, 2009

Gudans Garam

Tenho fumado Gudangs Garam como quem fuma o mundo. Às vezes acendo o meu quarto em projetos intermináveis e fico a discorrer sobre o tempo empurrando com a barriga apertos de coração. Agora que a minha prosa me sufoca, invade território alheio e muda de general, o meu coração não faz outra coisa que apertar assim. Em tamanha dispersão me encontro, ridicularizando terríveis certezas apegando-me ao que não passa.



Tem sido difícil fazer literatura de maneira que o sol fique em seu próprio lugar. Textos frescos e velhos todos eles já passam da validade quando encontram o papel.



Gosto da deselegância do Gudang. São cigarros indonésios que me transportam ao subúrbio de Bandung onde as pessoas nascem sabendo da verdade que por aqui é puro desconhecimento.



Aprendo ternuras em olhares alheios.



E em sorrisos novos



Que doiram sóis sem literaturas

sábado, novembro 21, 2009

Sabat

Seu livro solta folha e meu coração também principalmente nestas tardes assim de sábado desconsoladas irreais cinematográficas onde todo o tempo é uma mentira que me separa de ti tão inalcançável e tão disponível de tão puro



Daí eu dou pra ficar triste e ressabiado, decorar os textos, afundar-me em leituras impróprias e descobrir as melodias que talvez um dia possam vir a te interessar



That’s the way we go living our lives my dear, that’s the way I do my best just to see that life is living and living and living



That’s the way there’s no way to run out, I know, I know, those who had failed in this thing, they are there, they expect for something or a sweet text where you can read in brazilian english that



This is an experience not to be missed.



Daí eu dou pra sair no the book is on the table there is there are no meu coração muito do que Shakespeare já falou sobre o amor, não tem jeito, não tem jeito, língua que não é latina vai ser sempre estrangeira e artificial mas por isso mesmo verdadeira por isso mesmo sincera



Whitman me desconsola horrores quando estou assim sábado a tarde fingindo sono ouvindo disquinho de música estrangeira



Ginsberg então me prova o contrário das letrinhas melonetianas





Oh sweet, have you heard me myself I, have you read about the man I love have you noticed that things are kind of strange on this Saturday?





You gave me birth. E eu serei sempre artificial ao dizer que sim,



Eu te amo.

sábado, novembro 14, 2009

2009

Cheguei e confessei amores.

A barca incandescente. O centro da minha cidade idem.

Livros. Promessas. Tantas vezes no cartão. Sem juros.

Triste sina essa a das poesias que se escrevem, das palavras que se repetem, se prostituem e se desgastam para dar conta das lembranças também prostituídas.

Sábado de sol e eu na barca ao som das crianças excitadas

A baía é lânguida e tem cara de estrangeira

E tudo tem cheiro de tédio

Força para o primeiro passo, primeiro apito, primeira carta, primeiro dia, primeiro amor.

Lembrança, aqui estou
Dessa vez nu

Entrego o jogo
Confesso tudinho

Purgatório no dia após o besame mucho

Vivo.

quinta-feira, novembro 12, 2009

Como construir uma eternidade duradoura

Cena imaginada: liga-se o rádio, finge-se gravação, exterior de dia estrangeiro, declama-se texto escrito em folha antiga e despudorada:


Deglutindo em tarde estrangeira um espanhol preso e arranhado na garganta, todas aquelas palavras magoadas, aqueles erres e esses enferrujados a poesia saía assim qual texto declamado por Cortazar, pátria ferida, vontade de passados, uma língua encostando-se à outra me causava graça, muita graça ver uma língua fantasiada de outra e escutar o seu sotaque assim tão leve assim tão de fino eu que só me prometi observar seu corpo de longe a sua beleza e nunca tocar no seu amor linda figura que construí para mim...

(olhando para o chão, pausas de mais de 30 segundos)

Mas o seu corpo sem o seu sorriso ainda assim sorria para mim e todo você me inspirava ternura de longe ternura de perto ternura humana de suas mãos levemente embriagadas pelo vinho pelo violão pelo bandoleón e pela voz assim mansa do tango feliz também estrangeiro declamando para ti versos ininteligíveis que insistias em repetir

E eu amando o seu amor desejando o teu desejo guiando-me pelo teu farol ia confirmando, só de longe preenchendo formulários intermináveis de vontade de pegar na tua mão de uma só vez e dizer que a vida era uma só e que o táxi lá fora nos levaria á felicidade prometida do meu quarto em noite fria de calefação ligada muitos livros para não serem abertos e bobagens para serem ditas

E você já botando na rádio bossinha nova, sonzinho barato, achando que sim aquilo era o som propício para a ocasião quando na verdade quem cantava mesmo eram os pingos gelados no lado de fora, melodia essa que precisa do silêncio e de seu toque para acontecer e se eu pudesse te escrever naquele momento te escreveria assim como você é belo, como você é distante, arredio, como você é você, interessantemente você, quanta alegria tão perto da gente, tão perto de tuas costas e de tua maneira alheia de rir...

E eu me conjugava em você eu me definia em ti a primeira e a segunda pessoa o meu verbo agia assim a partir do você, a partir do outro, do eu mentirosamente misturado lá no fundo, da completude incompleta de dois corpos que se pediram e se perderam no caminho sozinho do mistério de dois adeus antecipados, de dois olás, de duas dores que se somam se subtraem e se multiplicam

“saudade is the kind of feeling that I can’t explain” dizia você, falsamente você, carregando no sotaque inglês o cinismo daquela palavra atordoada e clichê que queríamos mais violentada, aberta, consumida, destruída pelas outras línguas.

Daquele quarto daquela noite daquele momento guardo a promessa de vida, a tentativa de eternidade, e o seu sorriso que irradiou toda a madrugada.

Eu, nesse agora estrangeiro, sou exilado do presente, arranho a tua língua, te falo, te declamo e te gaguejo também passando o tempo na janela levando você em boleros que pegam sim o avião e cruzam o atlântico e o canal da mancha repousando eternamente em seus ouvidos em suas costas, em sua mesma velha cidade, em seu mesmo velho outono em seu mesmo velho céu tão sincero

Cena não imaginada; exercício de estilo, poeta ator rasga papel dá play no radinho e estala o dedo nos 4 minutos da canção

“mi corazón es un eterno taller de escritura” – José Carlo, Boedo.

segunda-feira, novembro 09, 2009

Letícia

"All night she visited the bars. She wore a hat which she pulled down over her face and, during the course of the entire evening, no one had yet recognized her. She was an anonymous woman with good legs. She was whistled at and propositioned but one glance out of her bleak eyes was quite enough to curb the advances of even the drunkest sailor.

Two o'clock and she was drinking in a bar. She watched a lonely couple dance to the music of the jukebox. She wondered where she was. Probably still on Bourbon Street, but she couldn't tell. All of the bars in the Quarter looked alike to her . . .

But the desired detachment did not come. She was still sober. She decided she would go to another bar - perhaps a change in atmosphere would help her forget, help her to become drunk again."
Katherine Everard



Frustraram planos de praia. Frustraram tantos e tantos planos que hoje o domingo ficou assim, egoísta, permissivo, moralista e um pouco católico. Deu angustiazinha tímida lá do longe, sensação de que as coisas estavam estranhas. “Tá estranho né?” Era justamente o que me dizia Letícia. Independente do lugar e da atmosfera era sempre o signo da estranheza que guiava os seus passos. Eu me contentava em concordar, em me fazer confidente das estranhezas dela. Raras vezes discordava de suas frases e ficava assim, egoísta, de longe, curtindo a cumplicidade ferida sabendo que no fundo sim, eu era o primeiro a acreditar na estranheza do ambiente advogada por Letícia.

Ela era uma mulher interessante. Ainda não quero me deliciar no gozo sem volta, no gozo do eco em descrevê-la num lindo passado. Quero sim desnudar Letícia para que vocês a vejam, a partir de suas vivências, de suas experiências de planos realizados e frustrados.

Quando Letícia morou em Buenos Aires, ela arranjou um emprego de lavadora de pratos num restaurante em Palermo. Seu chefe era gente fina, assim como toda a equipe que trabalhava com ela no abafado ambiente da cozinha. Inclusive fumavam baseado adoidado lá dentro, ao meio dos comentários dos bastidores, dos pratos, dos talheres afoitos que não paravam de chegar à pia sempre cheia em que Letícia dispunha seus pensamentos e os analisava concentrada na tarefa de lavá-los. A droga talvez aumentasse essa sensação de missão, essa completude pequena, mas verdadeira, talvez por isso grande e sincera. Essa missão de lavar a louça custe o que custar, esse sentimento de grandeza que algumas tragadas davam ao seu ser e enchiam a sua vida de sentido.

Letícia me confessou isso com tristeza nos olhos. Estávamos no Brasil, num desconsolo de tarde de novembro, daqueles novembros que sabem ser mais quentes e perversos que janeiro. Mesa de bar, sensação de fim de livro, depressões avizinhando, pedimos itaipavas e fumamos cigarros da Indonésia tentando restaurar parte de um passado que foi lindo e que nos maravilhava. Era muito brilho no olho, era muito o tempo passado, a confissão da cumplicidade, das músicas prediletas, das experiências, das angústias e dos planos. “O tempo passando é o que mais dói” disse-me ela depois de algumas cervejas e alguns olhares mais ternos. O silêncio se fez em nossa mesa. Ao fundo pessoas alegres bebiam e trocavam comentários, brincadeiras e diversões. “Ah, a ilusão da cumplicidade dos bêbados!” Pensei eu, rindo a um certo ponto por muitas vezes ter advogado tal cumplicidade para muitos, inclusive para Letícia. Naquela altura de nossas vidas nem isso mais fazia sentido. Era eu, Letícia, a mesa e os outros. Entre mim e ela uma vírgula, um mundo, um universo. Solidão, sem grana para análises e relacionamentos frustrados, temi por mim mesmo. Sem antes pensar em Letícia que agora buscava amenidades e conversava levianamente sobre a novela das oito, olhei para fora do bar e vi o desconsolo das seis horas da tarde. O sol ainda batia na entrada do bar, era impiedoso. Nenhuma pessoa na rua. “Um desconsolo até bonito”, pensei, ao ouvir Letícia.

A nossa cumplicidade se encontrava justamente nesses momentos. Em que um sustentava o dedo e pedia mais outra cerveja ou pedia mais outro cigarro e começava uma história. Não havia sustentação para os nossos momentos monologais. Tinha sim muito brilho no olho para cada história, para cada confirmação, para cada traço do amigo que se reconhecia, para cada surpresa de uma atitude desaprovada. Eu não desaprovava Letícia. Ficava sim pensando muito na vida dela, em como eu fiquei, nos abandonos de ter ficado no Brasil colhendo sentidos em artigos e traduzindo baboseiras enquanto ela ia se aventurar na Argentina, tão pertinha, tão fácil e acessível em seus cartões postais de lugares lindos e deslumbrantes, cotações de peso para o real tentadoras que Letícia se atrevia a me escrever nos postais com convites para apartamentos e noitadas portenhas com muita gente que ela dizia chique. Letícia ficou bastante tempo na Argentina. A gente se correspondia, é claro. Com solavancos, pausas, suspiros, birras e beicinhos. Cartões apaixonados, secos, sábios, era o que não faltava. Eu já tinha tudo em casa. A praça de Maio em seus variados ângulos, o obelisco que achava horroroso, a avenida Corrientes e até um menos badalado do bairro de Boedo onde as duas esquinas se encontravam num tango que ouvia desde pequeno.


Letícia não gostava de tango e me causava graça vê-la agora gostar, forçar um gosto sincero que com o tempo seria mais verdadeiro que o meu.

Não levei Letícia para o aeroporto. Não levei porque não queria e porque queria muito no fundo sim pegar aquele avião com ela. Ela me disse que chorou um pacífico ao entrar no saguão de embarque e ver ao longe a igreja da Penha. Letícia tinha uma queda sincera pelo Rio, pela festa da Penha em que fora uma vez e ficara deslumbrada. E pelos sambinhas que se ofereciam a ela enquanto crescia o seu sorriso, o seu corpo e o seu desejo de vida. Fiquei imaginando Letícia chorando vendo a Igreja da Penha ao longe em dia nublado e feio de julho. A malinha na mão, ouvindo música e escrevendo na sua agendinha poesias ou comentários inúteis. Ao despedir-me dela por telefone falei-lhe sobre a Rayuela do Cortázar e que ela tinha de ler de qualquer maneira, que ela não tinha que temer os clichês, que eles eram belos e preciosos. É claro que adivinhei ternura da Maga em Letícia e talvez com um medo de criar monstros em meu laboratório pedi para que ela mesmo tirasse as suas conclusões lá, lendo aquele livro destruindo assim minha ilusão. Muito tempo depois, ao encontrar-me com ela no bar, esqueci-me de perguntar se ela lera ou não o livro. No final entendi que sim. E que não achara lá aquela coisa.

Letícia é assim. Quando criança quebrava o pau com todos, com os amiguinhos, as amiguinhas, as bonecas e as professoras. Não gostava muito de brincar com outras crianças. Preferia a companhia dos mais velhos, ou então a companhia do jardim, seu universo próprio onde realizava as suas experiências que alimentavam o seu sonho de ser tornar uma famosa cientista.

Não fora uma criança triste. De jeito nenhum. Havia muita alegria na sua solidão, havia um desencontro, um otimismo feio em fase de estirão. Os pais talvez ficassem incomodados com isso. E talvez por isso sua mãe a tratasse de uma maneira diferente. Lá em Maria da Graça, onde morava quando adolescente, Letícia começou a sair de seu jardim e ganhar o mundo que não cabia no seu Rio de Janeiro. Pão de Açucar, Copacabana, Cristo Redentor, tudo isso era meio estrangeiro para ela. Era o Rio que ela vivia na tv, mais verdadeiro que a Dom Hélder Câmara turbulenta e apressada, mais verdadeiro que a Penha e sua igreja. A sua perdição foi ficando cada vez mais no centro e já depois dos 20 voltava poucas vezes para a casa. Dormia no centro, na zona sul, além-ponte e se deixava ficar seduzida pelos novos amigos, pelas suas curiosidades, seus comentários e sua beleza. Quando voltava para Maria da Graça era pra jurar eterno amor, olhar desconsolada o passado, a promessa de vida, chorar com a mãe e com os seus irmãos. Ao sair de casa seu coração se enchia de alegria triste, sentimento que na época não conseguia dar nome e função. Deixava ele parado lá, sentindo, cutucando a cabeça, acalmando-a no mormaço do fim de verão carioca. Gostava de fazer o papel de passageira de ônibus distinguida e independente. Botava óculos escuros e abria o seu romance Júlia displicentemente para chocar a burguesia que ela já nem sabia identificar. Quando se aborrecia com o romance saltava as páginas, fazia observações, marcava, relacionava, citava e modificava passagens. Confessara a um namoradinho que um dia escreveria um romance como Júlia e que sim seria um sucesso e que neguinho nenhum ia falar mal dela.

Letícia deslumbrava os seus namoradinhos.

Tudo isso eu lembrava, conversava e ria com ela naquela mesa de bar, tão irreal, tão triste e melancólica. Tive medo, muito medo. O medo era tanto que quando pedimos a conta senti um peso no estômago, uma aflição, uma tonteira que me deixou assustado. Depois daquela mesa seria cada um por si, com as suas loucuras e seus apartamentos. Fiquei assustado, tentei pedir saideras sem sucesso. Fomos caminhando junto com o sol já baixo. Confessamos amores, alegrias e decepções mais uma vez, e tomamos o caminho para a faculdade onde havíamos nos conhecido. Caminhamos pelo campus relembrando os momentos que nos pareciam distantes e nos provocavam uma certa tristeza alegre, madura e vivida. Letícia estava menstruada naquele dia e precisava ir ao banheiro. Fiquei esperando do lado de fora conversando com ela numa faculdade vazia de sexta a noite, último horário. As raras figuras que apareciam eram calouros, seres perdidos, orientandos vagando com seus sonhos e certezas. De repente fui tomado por um excesso de ternura por todos esses seres admiráveis. Cheguei a chorar escancarando a minha crise para Letícia que ficava me consolando bêbada, à sua maneira linda e admirável. Como ela se punha maternal nesses momentos! Logo ela que desdenhava a maternidade! Fomos ver o luar, pois a lua estava cheia e bonita. Olhamos a paisagem da baía de Guanabara, as árvores e o centro da cidade ao longe. A alguns metros de nós se encerrava um congresso vazio de Filosofia e uma mesa de quitutes variados nos oferecia uma espécie de paraíso na terra. “Ah, a academia...” suspirou apaixonada Letícia agarrando meu braço e me puxando até os quitutes. Comemos horrores. Letícia não conhecia o molho agridoce e ficou extremamente deslumbrada com a mistura do salgado com o doce. “Bem-vinda ao mundo do agridoce” disse-lhe. Notei que ela gostou bastante dessa frase e ficou repetindo para melhor guardá-la na sua cabeça. Isso me emocionou. Comemos muito e saímos de lá satisfeito, barriga cheia, embriaguez leve e pesada de verão passando. Caminhamos até as barcas e zarpamos para o outro lado da baía que estava linda. Passamos pela praça altivos, belos, robustos e bem alimentados. Adiávamos nossa despedida disfarçadamente. Fingíamos não ver os ônibus que passavam.



Mas uma vez temi a sensação de fim de livro, de fim de romance, de penúltimas páginas, onde todo um mundo de possibilidade se encaminha inexoravelmente para a frieza de uma única folha, de um único parágrafo deixando o leitor desconsolado, à deriva, tendo que lidar com o vazio de tudo. Me senti o vazio de tudo e procurei explicar isso a Letícia. Ela pareceu não entender muito. Começávamos a entrar em sintonias diferentes e isso de alguma maneira me assustava e me aliviava. Nos apressamos e decidimos que dessa vez nos despediríamos. Trocamos carinhos, declarações de amor, encontros e desencontros. O ônibus dela chegou primeiro apontando lá praqueles cantos tristes do aterro. O meu chegou tempo depois. Coração pesado, tristeza triste, vontade de dormir, subi no ônibus passei pela roleta e encostei minha cabeça na janela sem forças inclusive para chorar e curtir a minha pieguice.

domingo, novembro 08, 2009

Ya sé que no soy amigo del Rey. Sé de muchas cosas pero ellas no me sirven para nada.

Ya sé que el mar te observa también. Ya sé que a ti te gusta el olor del mar. Y que a veces te agarra algo que no sabés nombrar.

Sé de todo eso. Pero todo eso, todo es es tan tan poco.

Eu não quis escrever Letícia desde que ela chegou aqui anunciando mudanças de condutas, planos e tantas e tantas outras coisas.


Tocou a música afinal. Não fui culpa minha. Fazia muito, muito, muito tempo que eu não a escutava. Juro, juro que não foi culpa minha nem de ninguém. Foi brabo. Não quis ouvir, tive que ouvir e me resignei.

Em pedaços.

eu.

quarta-feira, novembro 04, 2009

Voltei.

Eu agora sou dado à poesia
Imenso acaso que brotou no meu ego
Eu agora sou assim escravo à toa
Poeta sem olhos
Fiscal de lembranças
Decorando a entrada dos fragmentos

Eu agora sou dado ao jogo das contas de vil metal
Observo olhares bancando o intelectual
Xoxando intensidade
Sendo e não sendo na moral

Agora vou mandando tomar no cu o pão de açúcar
O Cristo
A baía
O outro lado
E as árvores solitárias do aterro com caras de solteirona

Arrependendo-me duas vezes
Limo verso nenhum
Tento gostar de João Cabral
Pra soar chic e legal

Mas verso branco aqui não é nem cinza
Nem preto
Nem de cor nenhum

E meu amor é como Deus
Uma vez inventado é difícil de desinventar
Fica lá mexendo, mexendo e mexendo

E enquanto não consigo pagar o analista
Volto à estética da ingenuidade
Escrevo as coisas mais bonitinhas novamente
Desenhozinho na folha branca entregue a Tia do Jardim

O tempo passa a mão e muito
Vai sarrando sarrando e eu vou me adiantando
Fazendo a egípcia
Cú doce
E falsa timidez

Vou comprando no cartão
Adiantando bolsas
Escolhendo papel de parede
Baixando os últimos lançamentos da mpb bicha velha samambaia gato e solos de jazz que calam fundo

Nas noites de sábado terra de ninguém

terça-feira, novembro 03, 2009

Laconismo Complicado

Escrita assim é auto-ajuda.

E eu já não tenho mais pudor.

Mas o poeta lacônico deverá falar:

As eternas tardes de domingo serão vingadas

Cedo ou tarde nas melodias da minha cantora preferida.