sábado, agosto 22, 2009

A outra do outro do outro lado.

E se eu escrevesse que lá no fundo mais belo a recíproca sempre foi verdadeira? E se eu confessasse a emoção da surpresa, da verdade mais linda que as palavras ainda reservam às pessoas? E que me reservaram aqui nesse agosto um pouco perdido, um pouco pesado, sempre irreal. E a incerteza me responde que ainda é possível ser feliz em agosto, ainda é possível recomeçar a mesma linda canção que diz tantos nomes. Ainda são possíveis os boleros mais insuspeitos, ainda são possíveis Las Cumparsitas.
Mas como são visíveis, mas como são claros aqueles que no fundo ainda cantam a mesma linda canção! Nas tantas lindas outras margens, nos tantos lindos outros portos... Mas como ainda é possível repetir os mais lindos momentos e inventar reconhecimentos nas paisagens mais belas, nas chaves mais secretas. De abandono macio levo no peito a paixão fulminante. Levo sim fantasiação de um dia vir a ter contigo assim em outro porto ou em outra barra e perguntar sua opinião sobre a fórmula "rêver tout la vie".
Mas, minha menina, não pense em derrota não, não pense em chuva nem resignação. Também tive sexta feira a noite ao som da Warwick cantando Walk on By. Também tive. Talvez também burro, talvez também resignado, driblando a gramática pra escrever uma mensagem que se entendesse, pra escrever lá praqueles cantos, lá praquela chuva, lá praquele inverno, lá praquela outra língua.
Mas não somos nós deixados não. Somos todos deixados, somos todos a noite em claro, somos todos fragmentos que vão do a ao z. Vão de Ana C. Vão de tempo de guerra. Vão de turbilhão. Vão de outono distante, vão de saber já olhar o Rio por onde a vida passa. Vão de tudo isso.
A mim me resta e custa decorar, olhar o comecinho.
Hoje o meu sábado ainda é sexta. E Warwick ainda não me enjoa. Ouça. Te peço. É um porto a mais.
E meu otimismo insuspeito é medicina diária.

Eu e você, assim talvez no mesmo aquário que de tão grande é do tamanho do mundo.
Quantas 9 de Julio ligarão então nossa dor?

Quem nos fala?

2 comentários:

Ci disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Ci disse...

Tem uma Praça de Mayo ou uma Praça XV unindo eu e você
E não, querido, não é só por dor.
É essa mania de lançar as palavras no vazio
É a noite branca e o pote até aqui de mágoa.
Também estou farta de eternidades.
Se você gritasse
Se você gemesse
Se você tocasse a valsa vienense
Mas você se contenta em olhar o mar em dia nublado.
Aqui tem música sim,
Tem areal, morte e desventura.
Se mastigar a saudade tornasse os nossos pés menos gelados
E se as madrugadas não fossem tão incompletas
Eu iria aí te buscar.
Em Icaraí ou Montserrat
E a gente trocava as presunções de verão.
Eu fico aqui lendo você de longe.
Lamentando não te abraçar
Enxugando ciúmes e versos
Rompendo os limites do outro que é meu.
Estamos combinados
Cantaremos sextas feiras e sábados de Walk on by
Até que o frio derreta
E a gente seja feliz.