Meu amor
Abro meu livro e penso que tudo escrito tá tão bonito
Tenho vontade de fechá-lo e guardá-lo
Longe da poeira e do tempo
Do tempo! Nem do tempo eu me atreveria a zombar
É que tem feito tanto frio que meu nariz arde toda vez que respiro fundo
E a minha poesia auto-ajuda tá perdendo a validade
E tem me saído tão difícil descolar um verso da prosa que fica me puxando
Acho que são as conjunções novas que aprendi
Chiquérrimas que só elas
A sustentável leveza da minha caneta
Golpeia o papel virgem e mudo
Minha alma tá vomitada no breu
Das palavras que não entendo
De resto é livro complicado
É gente que não entendo
A minha poesia brigou feio com os outros mundos
E saiu sozinha, colar forte, vestido rasgado
A caminhar na rua, rejeitando ajuda
O que te peço é que não te preocupes
Se por acaso encontrares com ela, loucamente insana
Diaba revoltada, fúria arrombada
Finja calma e lhe mostre o caminho da salvação
Imponha-lhe sessão de descarrego em dose tripla
Abrindo-lhe as portas do seu coração.
Um comentário:
Sabe quando a gente ganha um caderninho novo? Desses que as pessoas trazem quando viajam?
Então, eu sempre quero escrever coisas sensacionais neles, mas nunca consigo aí fico com raiva e desisto. Tenho caderninhos e mais caderninhos empilhados numa gaveta por medo dessa poesia de vestido rasgado.
É uma pena.
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