domingo, dezembro 21, 2008

P. A. B.

Prelúdio das Alciônicas brasilianas.
Así que bueno, embalado pelo canto alheio, pelo não dizer que tantas vezes me disse ao pé do ouvido que é preciso cantar mais que nunca eu decido-me por esta missiva indireta que se valhe de pseudo-metáforas e indiretas que vagueam pelo tortuoso caminho do sem sentido.
Começo dizendo que estive no seu bairro. Estive quem sabe em frente a sua casa e arrastar-me por aquelas ruas me enchia de uma dor que na hora só fazia doer. Não fazia nada, nem musiquinha cantarolada, nem joguinho de mãos.
Sabe, o que eu idelizei daquele geografia, o que eu discorri em mesas estrangeiras de tudo aquilo e assim tão cru aquilo tudo vomitado de primeira na minha frente feito poesia concreta e cínica na noite carioca de chuva que parecia não me querer. Era um intruso. Um verdadeiro intruso me sentia desbravando tudo aquilo, aquela mesma praça, aquelas mesmas ruas que um dia acompanharam um eu perdido, desorientado por aí, fugindo de tanto amor, talvez tanto excesso, talvez o cheiro que ainda persiste, talvez a canção que ainda cantava. Fiz caminhar. Para desorientar tamanha emoção saí sem direção por aquele lugar desconhecido quando me deparei com uma singela igreja que de singela virou carrancuda e me cobrou decência, algo assim.
Aí, meu irmão, eu já não tinha nada mais que fazer, nada mais pra dizer que ir embora daquele lugar, anunciando isso, dando certificado de estrangeiro pra deus e o mundo, dizendo que as canções boemias são coisas de retardados que presos ficam em tempos e intensidades nunca dantes adentradas.
Así que bueno, os tempos portenhos anunciam pequena inflexão, para o verão, para as árvores egoístas e o sol parado feito gema de ovo sem vento, apodrecendo a velharia, a renovação do sol não tropical que chega chegando no buracão da camada de ozônio queimando minha pele rejeitada pelo sol carioca. Assim, tomando sol na laje pretensiosamente buscarei inspirações para cevar mates perfeitos. Com livros, cafés, cheiros, cigarros e ervas adivinharei, montarei um joguinho qualquer e lembrarei de quando o sol me pegava de jeito e me fazia sair suando por aí, já ansiando um outono de início do ano.
Maio é ponto chave. Te juro.
Así que bueno, também preciso dizer-te sobre o acontecimento maior de matar a vontade de samba na ladeira, assim sambando meio torto provocando o declive, purgando a mesma ladeira que de muitas branquinhas turvou a vista e nos jogou num ônibus qualquer quando eu te confessaria tudo e começaria pintando a irrealidade do ano.
Irrealidade que de tão real machuva e coça a mão nessa madrugada. Meu tempo é meu, nesse início do século eu te dedilhei timidamente no meu violãozinho desafinado e depois aproveitei para te escrever assim. Levianamente.
Lembrei de uma frase que dizia intenso porém fugaz, fugaz porém intenso. Não sei qual porém é mais forte e nem a ordem em que tenho que falar-las.
Não sei também da passagem do livro de um tal J. Rulfo, um mexicano que tinha algo incrível que eu tive que ler 5 vezes pra entender, pior que texto difícil da faculdade eu ficava estacado naquela parte e naquelas palavrinhas que me despiam e falavam por mim.

Um comentário:

Fernanda Paixão disse...

É preciso cantar. Urgentemente. todos os cheiros, as ruas e as sensações muito bem faladas, parece que sinto tudo isso.

um grande beijo.