segunda-feira, fevereiro 09, 2009

Mas se alguém vier com cuíca aqui por esses ares portenhos eu te seguro, te garantizo, que nao responderei por minha persona já tao calejada pelos ares argentinos. Agora, ahorita mesmo eu quero assumir a dinamica de mi portunhol, tao organico, tao forte, irrompendo, na fossilingua das duas linguas tao próximas, tao distantes.
Mas como eu ia dizendo a Argentina é um pedaço do ocidente, é uma gotinha, algo que caiu demais e por aí foi. La Santa locura de los Argentos para mí é uma mentira, é uma fraude. A Argentina argentiníssimamente é um começo de um fim categórico. E eu nao quero aqueles malabares, aquela coisa louca de equilíbrios para enfiaram goela abaixo o tal do gaúcho o Martim Fierro, ou Martin Ferro, sei lá de ficarem enfiando aquele cara goela abaixo numa literatura que querem chamar de latinoamericana. Até porque a Paris sulamericana anda amanhecendo cada vez mais cagada de coco de cachorro e o sotaque vai crescendo pouco a pouco. O sangue dos Araucanos, dos Mapuches, dos Guaranis de todos os outros que aqui viviam assim reflete nesse malabarismo.
Já nao aguento mais, nao me venham falar em Deus na Argentina, pois se ele existir por essas bandas, da forma clássica, ocidental, e sei mais o que, ele para mim será mais um dos invasores, refugiados, e nao importa nada a minha escrita em portgues ou as minhas explicaçoes sobre esse destendimento ou sobre o conflito. Somos de uma identidade quebrada e tudo o mais. Eu acho realmente que se a gente tivesse falando Guarani a gente poderia estar experimentando mais coisas.
O metrô, por exemplo, o metrô é uma prova de que a humanidade avança. Tem progressos apesar de tudo. Nao aquele sujeira de estágios, progresso, ou o papo de religiao, povo escolhido. Digo o progresso da própria humanidade. O subti é uma explicaçao metafísica do caráter humano da gente.
Aí a gente gosta de ficar meio que apertando, tirando pra fora das nossas espinhas esses papos que refletem o bonitinho mas ordinário, o safado, o tudo que pode vir junto quando a gente se compra.
Aí eu programei duas vezes, duas ou mais, uma garrafa somente de uma bebidinha e um sonzinho assim, pode ser qualquer um e um discursozinho e um olharzinho e a gente fica sábado e domingo inteiro no apartamento maldizendo a nossa sorte, acompanhando o tempo o fingindo tudo o que a gente nao quer pensar.
O pior da lucidez é quando ela nos assalta de repente. Eu odeio a lucidez eu nao quero a lucidez eu quero que ela vá para o inferno, eu quero é pegar santo, pegar espírito santo, pegar pomba gira, cigana, seja qual o nome para o estado de extase, embriaguez que corre como uma seta de Santa Teresa ao Buda ao Bêbado na esquina.

Hoje é dia de celebrar. Me voy a tomar mi traguito, Maria Cristina me quiere gobiernar y yo, já puto da vida fiquei assim mandando aquilo tudo pros inferno e os cambaú, vai pros cambaú que eu vou atrás só vou terminar de tirar do fogo o nosso macarrao.

E voce vai continuar aí com seu cofrinho exibindo tamanho culo para os olhos alheios, para o desconcerto do meu corpo talvez vontade de vida que penso levar em mim...

Baixo Ventre. Sempre para o Baixo Ventre.

O meu chacra é o meu baixo ventre.

Dito e feito: já tenho planos. A próxima década vai ter sotaque bahiano, massa real, 2010. Las calles de Salvador me esperam e já se arrumam, se aprumam.
Ah, como é bom ser marinheiro. Da próxima vez te escreverei do Benim, assim, africanamente, chorarei o fim do nosso amor pensando que a África vem depois da América e que o meu fim é ir rodando.

A gente se fala.
Um beijo.

Um comentário:

Fernanda Paixão disse...

que foda!
y eu que estou louca pra estar ai sentondo ódio
pelos argentinos ou dos argentinosss
hhauhahau