terça-feira, dezembro 08, 2009

Os êxtases de Teresa

EXERCÍCIO DE ESTILO I

Eu já avisei que não vou ficar aqui bancando o revoltado nem gritando aqui da janela desse apartamentozinho asqueroso fedendo a uma eterna merda assim tapete molhado essa minha tristeza não tem cara de nada nem de indiferença

se ao mesno eu fizesse da minha escrivaninha minha amiga e da música a minha confidente

eu seguiria tal senda menos assim, ferido, ferido

Mas não, aí era pudor para adivinhar ataque de vontade lá do fundo, preparando o terreno para a loucura eternamente domesticada e o meu fascínio quando entrei num hospício de verdade e fiquei falando sobre a loucura, assim viajando, viajando, viajando

a minha boca estava aberta
e a minha cidade se oferecia tão livre, tão bela e tão disponível
enquanto era tempo do belo

da eterna consciência da vida.

EXERCÍCIO DE ESTILO II

Aí nego chega já puto e vai zoando a porra toda e eu disse pros cara lá que da próxima vez ia vir nego pra tirar satisfação pois no fundo mesmo você deve estar de sacanagem o pessoal lá é tudo doido, amigo, doido mesmo, os cara lá cheio dos pó trancado no apartamento se drogando e se comendo você quer o quê? depois saí aí pela rua doidão, boladão, achando o quê? achando que tudo é bonito e que a vida é bela.

EXERCÍCIO DE ESTILO III

A comunhão com Deus. Chegar a plenitude. Considerações acerca do êxtase. Epifania. Paixão. Padecimento. O amor. A via crúcis.

Os mercadores do templo.

Jesus quebrando o barraco.

EXERCÍCIO DE ESTILO IV

Pois também eu tenho o direito de sair quebrando o barraco já que ninguém me entendia, eu não tinha culpa de nada não era eu que tinha uma samambaia no meu apartamento e ficava escrevendo carta para uma paixão antiga e enrugada que morava no Leblon se entupindo de açaí roxo de tanta raiva e tanta desejo e tanta amargura o meu amor bicha velha ia envelhecendo lá indiferente às minhas cartas e aos meus solos de jazz que eu ia lá descaradamente mostrar, ah danação, ah danação, paraíso artificial e eu não comprei livrinho nenhum do Baudelaire na feira hippie, fiquei na praia, lá onde há 70 anos repousavam as dunas da Gal

EXERCÍCIO DE ESTILO V.

Lá em Canaã Abraão abriu
Minha consciência
(CENSURA LOVY BIBLE)

No livro de literatura no êxtase de Santa Teresa
O menino rabiscava besteiras
- Tia, parece que ela tá com fogo
olha a cara dela

EXERCÍCIO DE ESTILO VI

Poeta murcho, açai, pó, gudans contrabandeados de Niterói, guarda biografia da Santa Teresa na mochila

E saí por aí advogando aos quatro cantos

que ela é demais.

EXERCÍCIO DE ESTILO VII

Clichê eterno de terminar poesia com salmo

"Certa vez, estava eu considerando por que razão Nosso Senhor é tão amigo da virtude da humildade. Veio-me logo de improviso, sem trabalho de raciocínio, esta resposta: é porque Deus é a suma verdade, e ser humilde é andar na verdade. Grande verdade é que nada de bom procede de nós, a não ser a miséria de ser nada. Quem não entende isso, anda na mentira."

1a. De Davi
1b. Ó Senhor, de coração eu vos dou graças,
porque ouvistes as palavras dos meus lábios!
Perante os vossos anjos vou cantar-vos
2. e ante o vosso templo vou prostrar-me.
Eu agradeço vosso amor, vossa verdade,
porque fizestes muito mais que prometestes;
3. naquele dia em que gritei, vós me escutastes
e aumentastes o vigor da minha alma

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