quinta-feira, dezembro 10, 2009

Açaí Memories

Querida Decadência

Outubro aguado e insosso esse que nos presentearam hein? Eu me escondi no shopping, templo do consumo, casais maravilhosos de mãos dadas admirando sapatos e roupas e outras coisinhas mais. As mesmas piadas e o mesmo comentário. Por minha parte, atração e repulsa. Entro no shopping escutando no meu MP3 o novíssimo recém lançado disco da Alcione, fingindo inocência e sinceridade.
Uma lanchonete me acena de longe na paisagem colorida e vibrante da praça de alimentação. Pudores benjaminianos me invadem. Abro livrinho e banco o intelectual descolado tomando mate curtindo o som na tv. O show da Ivete que ela fez aqui no Rio. Sim, aquele em que ela está toda de plástico preto. Nunca entendi aquela roupa.
Na leitura, Ana C, my new friend, minha literatura meiga sustentando o meu sem sentido. Mais um daqueles livros que começam numa velocidade estonteante e custam para serem terminados, seguem intensos porém arrastam-se de alguma maneira que não dá pra entender.
Clássicos da Ivete enumeram momentos de minha adolescência: agora com outra roupa Ivete parece mais descolada. Acompanho a canção em interesse sincero. Ana fala em desenraizamento. Apresso a me identificar na parada. Mas curto o momento como um acontecimento sensacional. Alimento fantasias lésbicas com a mega star soteropolitana. Penso na minha monografia e despreocupo-me. Lamento somente o meu desbunde ter chegado tão tarde.
Quem sabe foi lucro.
Pasmo ao ver Ivete convidando o Samuel do Skank. Ivete é realmente o futuro. Digo isso sem intenções humorísticas, sem vontade de soar cool ou in. Fecho a Ana C. e capitulo frente à rainha baiana.
Nostalgias futuras. Sinto-me no limiar de alguma coisa que não sei o nome.

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