A canícula, os dias de cão, dog
days, a lua atiçando a cachorrada no caminhar perdido pela cidade operando em
2D olfatos e sentidos tentando ver com um olho só. Não sei da estrela que
brilha forte no céu anunciando os tempos de calorão na varanda em noite quente.
Esquente o que esquentar a chapa no
templo interior o barulho de água de fonte cascata descendo dizendo calmamente como
quem tricota e num sorriso leva uma vida inteira. Esquente o que esquentar no
templo interior não tem ar condicionado tem ventilador e circulador, bambu,
terra batida e coentro. Terra batida que não é lama seca.
“mi corazón es un eterno taller de escritura” – José Carlo, Boedo.
domingo, dezembro 27, 2015
domingo, dezembro 13, 2015
casa
Dos tantos textos que Armanda te escrevi este talvez seja o
mais difícil, isso posto porque a fragmentação do disco se fez com o seu
apartamento que você mobiliava no plano astral e a sua vontade de casamento de
juntar os trapinhos se reduziu a sua mesa, o seu ventilador, os seus livros e
todo um universo a ser desvendado.
Quando adivinhava a sua presença no sono ou quando virava a
maçaneta da porta e te imaginava em casa eu era um tolo mesmo e gostava
de repetir.
Ainda conservo comigo a samambaia que depressa se amarelou
antecipando o outono em pleno dezembro o tempo dos flamboyants e suas folhinhas
e o papo da rede que a gente ia construir juntos.
Nunca voltamos de Ponta Negra tampouco fizemos aquela viagem
juntos.
C'est la vie.
segunda-feira, setembro 21, 2015
São Paulo 1º/2015
Deu pra fazer poesia de lua
Poesia de luz quando o luar apareceu cru
De noite as vezes não dá pra ver as estrelas. Mas Júpiter e
a lua sempre estão lá. E faz céu limpo como se fizesse tempo normal, por mais
que os dias nublados sejam recorrentes quase a regra, um intermédio de tempo e
aclimatação.
Uma aclimatação que na dimensão pisciana signo mutável
assume pra mim a imagem do mimetismo, do virar planta no ambiente.
Interior vazado por carros, ônibus e bicicletas
moderníssimas que passam rasgando o ar.
quinta-feira, setembro 17, 2015
Textinho escrito em noite quente e abafada de veranico de
fim de inverno
Com areia nos olhos do sono que já chega depois das nove
horas da noite lê-se
Mil novecentos e noventa e mete mais um ano de chiclete
Venha ver toda a decoração de natal e ano novo luzinhas
pisca pisca brilhando toda a rua imagina quando virar o milênio
quarta-feira, setembro 09, 2015
Xaguaz Xuca Free
Xaguaz Xuca Free
Bossa Nova Anos 10
Ou 20
Homeopatia de Xuca
Avião de Padê
Solo de Sade
quarta-feira, setembro 02, 2015
terça-feira, junho 16, 2015
Reflexões fragmento após assistir Aquário
Frequências vibram, emanam, constelam. Isso porque nos inunda o tempo. Para além da frase "no meu tempo era melhor" ou do "não tenho tempo para isso ou aquilo" nos escorre e nos imerge o tempo.
E foram as águas transbordadas em Aquário que me despertaram para a
consciência de que estávamos molhados.
Imersos na economia
dos elementos, na terra primitiva com seus primeiros oceanos ou na enchente de
Noé. Na memória das águas as palavras
eram tão poucas que saber se confundia com sentir. Neblina, serração, maresia.
O eu e o outro.
O eu e o outro.
O que poderia ter sido e não foi.
Alguém certa vez para pensar o
contemporâneo usou o termo "navegar em águas profundas". Pois sendo o
agora um acúmulo de tantas águas, há em Aquário
muitas memórias, uma desconcertante atemporalidade. Como elas estão
dispostas e oferecidas nas cenas é instigante. Estão cifradas nos figurinos,
nos elementos cênicos, na sonoplastia e nos nomes dos personagens. Nas luzes
que são como ondas que ultrapassam o palco e desaguam num público que não sai
imune ao dilúvio.
Em tempos de espetacularização, sensacionalismos e ódios exacerbados as águas profundas de Aquário trazem consigo algo de antiespetacular em sua execução e concepção. Uma economia e precisão frutos do trabalho de mais de três anos do Comboio de Corda Companhia de Teatro.
No nome das personagens Peixe, a Mãe, o Pai, Seu Filho e Ela há um mínimo denominador comum que opera na chave do elemento e da redução. Não sei se enquanto arquétipos ou essências. Parece estar presente tanto na forma do embranquecimento do Seu Filho quanto na empregada japonesa que atende pelo nome de Ela.
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