terça-feira, junho 23, 2009

Caro Bom Senso

Caro Bom Senso

Vai tomar no cú. Cansei, mandei tudo pro escambau, sabe de uma coisa, tinha te escrito assim prosa bonitinha, sabe, borrachinha, mordidinha de lapis, cotovelo na mesa, para quê? Para quê? Aí revoltei, revoltei mesmo, rasguei papel e dei pra bancar o revoltado com muita razão ao lado. Que chega a apodrecer.
Tua estupidez nem me é mais cara nem me é mais bonita. E as lágrimas incontidas são cínicas como qualquer cinismo de sua parte. Agora eu quero transbordar na prosa mais falsa, infame e exagerada.
Programei para você um sambão maligno, regado a goles e goles da 51. Aquela mesma que uma vez viste contrabandeada pela comunidade brasileira, supervalorizada indecentemente, longe de seus cínicos trópicos. E nem adiantou sonhar com Caninha da Roça ou coisa parecida pois no final a realidade era aquela somente aquela. Paracatulina, Velho Barreiro, Maxambomba, Primeira, Branquinha, Engasga Gato, Cana, Caiana, e o caralho a quatro. Dava tudo no mesmo possível.
E nem adiantava enrolar a língua para os sacramentos mais puros e impossíveis. Voltarías no final assim, arrastado pela tua tímida consciência a babar o próprio ombro chorando a mágoa do seu próprio amor, ele já não gosta mais de mim, que pena, que pena, que pena, quanta pena para fazer do teu leito o teu holocausto final com a boca pedindo oceano de água madrugada a dentro.
Vai tomar no cú. Pois é assim que tem que ser. Quanta dor na minha pobre, pura e leve cachaça.
Ora, vais me dizer o quê? Que afinal és o guardião final? Hein? Sem vergonha alheias resigna-te e cala-te.
Fico com o senso purinho. Só elezinho lá a me dar tchau, a fazer as vezes de amigo e amante.
Um beijo cínico.
Enrique.

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