Você.
Retrospective Analysis
The speaker looks back at his past. Ancorado no presente, espiava assim o passado, explicando atônito e perplexo o presente perfeito.
Uma senhora, elegante, madura, exalando aquela autoridade rainha de diva imersa na decadência, atriz anos 30 na solidão de uns 60 obtusos e superficiais. Decadência, ingrediente obrigatório para a sua chegada. Mesa de bar, anéis quadrados, jóias exuberantes, tacinha de vinho encara o interlocutor e o prepara com os olhos - olhos que parecem anunciar risos e prantos - para o que vai dizer:
I have met lots of people.
E eu todo apoiado no discurso, na narração, observo qual anão montado na costa de um gigante as mais longes montanhas, os mais antigos camelos passando pelos mais ínfimos buracos de tantas e tantas agulhas, negros vales e verdes campos de sua vida.
Você não sabe o quanto eu caminhei para chegar até aqui onde eu cheguei dizia ela num tom de voz doce, macio e amargo e eu ouvia agora absorto, presa insignificante presa na teia daquela aranha tipo Ariadne, louca, soltando assim os seus fios por aí, os seus perfumes mais baratos, e os seus sorrisos safados.
Olhe, olhe o que amor fez de nossas vidas.
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